Viva a Vida | Crítica
Poltrona Nerd ~ Cris D’Amato, conhecida por dirigir comédias românticas como A Sogra Perfeita e S.O.S. Mulheres ao Mar, retorna ao… The post Viva a Vida | Crítica appeared first on Poltrona Nerd.
Poltrona Nerd ~
Cris D’Amato, conhecida por dirigir comédias românticas como A Sogra Perfeita e S.O.S. Mulheres ao Mar, retorna ao gênero com Viva a Vida, um filme que busca equilibrar humor, emoção e uma pitada de aventura. No entanto, apesar do esforço evidente do elenco e da equipe técnica, o longa acaba sendo mais uma obra que se perde na falta de originalidade e na dependência excessiva de fórmulas já desgastadas do gênero. A premissa, que poderia render uma narrativa cativante, é sufocada por diálogos previsíveis e desenvolvimento superficial dos personagens, resultando em uma experiência que, embora agradável em alguns momentos, não consegue se destacar no vasto universo das comédias românticas.
A trama gira em torno de Jéssica, interpretada por Thati Lopes, uma jovem que carrega consigo as marcas de uma infância marcada pela perda da mãe. Essa experiência a torna cética em relação ao amor e aos relacionamentos, preferindo uma vida solitária e controlada a correr o risco de sofrer novamente. Jéssica trabalha em um antiquário, onde a rotina pacata parece ser o reflexo de sua visão de mundo. No entanto, sua vida toma um rumo inesperado quando ela encontra um medalhão idêntico ao seu, um objeto que a conecta a Gabriel (Rodrigo Simas), seu primo distante. Enquanto Jéssica é avessa ao amor, Gabriel é o oposto: um jovem que não consegue ficar sozinho e vive em busca de novas paixões. A dinâmica entre os dois, embora promissora, é pouco explorada, e a química entre os atores, embora presente, não é suficiente para sustentar a narrativa sozinha.
O filme ganha um pouco mais de profundidade quando mergulha no passado da família de Jéssica e Gabriel, revelando os segredos que separaram as irmãs Raquel (Luisa Thiré), Miriam (avó de Gabriel) e Hava (Regina Braga). A história de Hava, que abandonou a família para viver um grande amor com Ben (Jonas Bloch), é o ponto de partida para a jornada dos primos em busca de respostas. A decisão de viajar para Israel, onde Hava e Ben supostamente estão, adiciona um elemento de road movie à trama, permitindo que o filme explore cenários deslumbrantes e crie situações cômicas e emocionantes. No entanto, mesmo aqui, o roteiro peca pela falta de ousadia, optando por soluções fáceis e previsíveis em vez de desafiar as expectativas do público.
Um dos aspectos mais impressionantes de Viva a Vida é, sem dúvida, a ambientação. O filme utiliza as paisagens de Israel de forma magistral, transformando o cenário em quase um personagem adicional. As cenas filmadas em locações icônicas, como as ruas de Tel Aviv e os desertos do Negev, são visualmente deslumbrantes e adicionam uma camada de autenticidade à narrativa. A direção de arte e a fotografia trabalham em harmonia para criar um ambiente que é ao mesmo tempo exótico e familiar, proporcionando ao espectador uma sensação de imersão que, infelizmente, não é totalmente correspondida pela profundidade da história.
No que diz respeito ao elenco, Viva a Vida brilha especialmente graças às atuações de Regina Braga e Jonas Bloch, dois veteranos da dramaturgia brasileira que elevam o filme com sua presença e talento. Braga, como Hava, traz uma mistura de força e vulnerabilidade que é cativante, enquanto Bloch, como Ben, personifica o charme e a sabedoria de quem viveu uma vida cheia de amor e aventuras. Juntos, eles criam algumas das cenas mais emocionantes do filme, resgatando momentos que, de outra forma, poderiam ter caído no esquecimento. Thati Lopes e Rodrigo Simas também entregam performances sólidas, mas seus personagens são limitados por um roteiro que não lhes permite explorar todo o seu potencial.
Por fim, Viva a Vida é um filme que, apesar de suas qualidades, não consegue escapar da armadilha da mediocridade. A falta de originalidade no roteiro e a dificuldade em criar conexões genuínas entre os personagens impedem que o filme atinja seu pleno potencial. No entanto, há momentos de brilho, especialmente nas cenas que exploram a relação entre Hava e Ben, e na forma como o filme utiliza o cenário de Israel para enriquecer a narrativa. Para os fãs do gênero, Viva a Vida pode ser uma opção leve e divertida, mas dificilmente será lembrado. É uma obra que, como seus personagens, parece estar em busca de algo maior, mas acaba se contentando com o que já conhece.
The post Viva a Vida | Crítica appeared first on Poltrona Nerd.