Sonhar deve ser leve

Janeiro é o meu mês favorito! Não apenas porque sou aquariana do primeiro decanato, mas é um mês que, por ser o primeiro do ano, inspira para a maioria das pessoas começo, recomeço e sonhos. Não que eu acredite que a mudança no calendário fará milagres: vale se imbuir do sentimento de esperança que os primeiros dias do ano trazem para promover novos começos, mas com atenção para não virar uma obrigação e se tornar... O post Sonhar deve ser leve apareceu primeiro em Meio e Mensagem - Marketing, Mídia e Comunicação.

Jan 31, 2025 - 15:28
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Sonhar deve ser leve

(Crédito: Shutterstock)

Janeiro é o meu mês favorito! Não apenas porque sou aquariana do primeiro decanato, mas é um mês que, por ser o primeiro do ano, inspira para a maioria das pessoas começo, recomeço e sonhos. Não que eu acredite que a mudança no calendário fará milagres: vale se imbuir do sentimento de esperança que os primeiros dias do ano trazem para promover novos começos, mas com atenção para não virar uma obrigação e se tornar mais um fator de ansiedade. O meu primeiro artigo do ano para Women to Watch é um convite a dar leveza ao início da jornada ou ao que este mês signifique para você. 

Aprecio quando os números e as estatísticas nutrem as reflexões que trago aqui. Por curiosidade, recorri à internet para pesquisar como as pessoas se planejam no início do ano. A maioria das pesquisas, claro, resultou em dados sobre planejamento financeiro. Fiquei assustada, mas não surpresa, ao descobrir que mais da metade dos brasileiros não têm ou não sabem como montar um planejamento financeiro, de acordo com uma pesquisa realizada pela fintech de educação financeira Leve, divulgada pelo Estadão, em 2022.

Outro dado que me chamou atenção a respeito do assunto foi a pesquisa “Pulso 2023”, realizada pela Ipsos e divulgada pela Forbes no início de 2024, que mostrou que 61% dos brasileiros não conseguem guardar dinheiro. A desigualdade social e os desafios de jornada de muitos destes brasileiros precisam ser considerados neste debate, mas isso é assunto para outra coluna.  

Durante a pesquisa sobre como as pessoas se planejam, meu objetivo foi descobrir mais sobre o nosso comportamento em relação às metas e planos, no início do ano. Descobri, por meio de um estudo realizado em 2020 pelo Statistic Brain Research Institute, dos Estados Unidos, e divulgado pela Folha, que 50% das pessoas que fazem planos para o ano mudam de ideia já em janeiro, e 27% nem esperam a virada e já desistem das promessas do final de dezembro. Fiquei espantada. 

Entendo que a conjuntura pode pesar nessa falta de persistência em relação ao planejamento pessoal feito no início do ano. Em 2020, por exemplo, o mundo ainda vivia sob a sombra de uma pandemia, o que pode ter influenciado os dados da pesquisa do Statistic Brain Research Institute. Em 2025, graças às vacinas, temos a situação do vírus da Covid-19 controlada, mas outros acontecimentos ainda têm o poder de nos desanimar.

Por exemplo, segundo dados do relatório de janeiro de 2025 publicados pelo Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas (C3S) da comissão europeia, a temperatura média global aumentou 1,6ºC em relação aos níveis pré-industriais. Lembrando que 1,5º C foi o limite estabelecido pelos países através do Acordo de Paris. Esta temperatura coloca a vida em risco, especialmente a vida das pessoas mais vulneráveis. Falarei de justiça climática em um próximo artigo, tentando trazer uma relação mais direta com a vida cotidiana. 

Meu objetivo ao elencar desafios da nossa atualidade, como a crise climática, não é causar desânimo e nem endossar as razões da desistência dos sonhos, mas dar luz às diversas camadas de realidade que podem nos atingir. Conhecer os fatos externos, reais, nos atinge, e em alguma medida nos enfraquece, mas também nos fortalece. Conhecer a realidade nos permite planejar “o manejo” da nossa vida na prática, mas principalmente “manejar” e compreender o que sentimos e porque sentimos. Saber minimamente como lidamos com nossas emoções é pavimentar uma estrada para sonhar. 

Esta não é uma coluna de autoajuda. Tenho certeza que você tem exemplos da sua vida que comprovam esta verdade. Diversas formas de autoconhecimento contribuem para maturidade e segurança, nos permitindo alçar novos voos. O filósofo Mário Sérgio Cortella disse uma frase da qual gosto muito: “não seja analfabeto de si mesmo”. Ela reflete a importância do autoconhecimento como parte fundamental do crescimento pessoal. 

Retomando o chamado à reflexão sobre os sonhos de janeiro, vamos aproveitar a sazonalidade do pensar nos sonhos e deixar a mente livre para ir além. Mas façamos isto apenas se este exercício nos trouxer prazer, concretude e renovação para nossa vida. Ao contrário, sentir-se obrigada a estabelecer metas ou fazer aquele balanço sobre o que foi cumprido em relação ao ano anterior ou não trará um desconforto que não combina com a leveza que todas nós merecemos viver neste período do ano. E está tudo bem! 

Com otimismo, mas sem idealismo. Vamos identificar, refletir e celebrar a nossa realidade, que certamente é repleta de conquistas. Como bem disse Carlos Drummond de Andrade, “é dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”.

Feliz 2025! 

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