SAP: extensão do suporte é para poucos
A SAP deu alguns detalhes a mais sobre como vai funcionar a extensão do suporte para a atual geração de produtos Business Suite 7, incluindo o componente de ERP ECC 6.0. O resumo da ópera: vai ser coisa para poucos clientes, com implementações multina...
A SAP deu alguns detalhes a mais sobre como vai funcionar a extensão do suporte para a atual geração de produtos Business Suite 7, incluindo o componente de ERP ECC 6.0.
O resumo da ópera: vai ser coisa para poucos clientes, com implementações multinacionais do software de gestão.
O assunto surgiu na semana passada, revelado pelo jornal alemão Handelsblatt, para o qual a SAP confirmou a medida.
Agora, a multinacional alemã se manifestou novamente sobre o assunto para o site britânico The Register, dando alguns detalhes a mais sobre o tema.
“No primeiro semestre de 2025, a SAP anunciará uma opção de transição de assinatura de nuvem projetada para clientes de ERP com cenários de TI grandes e muito complexos que precisam de mais tempo para se transformar em sua jornada RISE with SAP”, disse um porta-voz do fornecedor ao Register.
Em uma conferência com analistas, o CEO da SAP, Christian Klein, também tocou no assunto, falando que a nova opção será para “pouquíssimos clientes grandes que não cumpririam o prazo porque transformar e consolidar o ERP e os processos de negócios em mais de 100 países às vezes não é tão fácil”.
Tanto o porta-voz como Klein insistiram que a medida não significa uma extensão dos deadlines de 2020, segundo os quais o Business Suite 7 deixará de ter suporte normal em 2027, passando para uma versão mais cara com duração até 2030.
O que se sabe é que a nova opção abre a porta para esses clientes grandes terem suporte do Business Suite 7 até 2033, incluindo o componente central ECC 6.0.
Para isso, porém, os clientes deverão já ter assinado a entrada no programa Rise With SAP, que foca justamente na migração para a última versão do ERP da SAP, o S/4 Hana.
Mais detalhes sobre o “SAP ERP, private edition, transition option”, devem ser comunicados ainda no primeiro semestre.
A essa altura do campeonato, o perspicaz leitor do Baguete pode estar se perguntando como é possível que uma decisão central para o planejamento de uma parte importante dos maiores clientes da SAP esteja rodeada de tanta incerteza e confusão.
Não é possível afirmar com certeza, mas a reportagem do Baguete apostaria que tem boi na linha.
Vale lembrar que o S/4 foi lançado em 2015 e certamente não vem sendo adotado no ritmo que a SAP gostaria.
Reforça essa teoria o fato do suporte normal já ter sido prorrogado uma vez. A data original para o final do suporte normal era 2025. Em 2020, foi anunciado o prolongamento para 2027.
No ano seguinte, em 2021, a SAP surgiu com o conceito do Rise With SAP, oferecendo um estímulo para acelerar as migrações para o S/4.
No começo de 2024 a empresa fez algo atípico, lançando um novo programa que oferecia uma redução de até 50% nas despesas de projetos de upgrade até o final do ano passado.
Mesmo com todos esses incentivos a coisa não está andando. Em setembro do ano passado, o Gartner afirmou que apenas 37% dos clientes do ECC haviam licenciado o S/4 Hana, em comparação com 34% no mesmo trimestre do ano anterior.
Segundo a avaliação do Gartner divulgada na época, havia “poucas evidências” de que as migrações para o SAP S/4 Hana estavam ocorrendo no ritmo necessário para atingir a meta da SAP de encerrar o suporte de manutenção principal para o ECC em 2027.
Pelo visto, a SAP decidiu oferecer uma colher de chá para os seus maiores clientes, muitos dos quais têm assento na Alemanha, que para completar o quadro da dor está em um período de recessão e grandes incertezas sobre o futuro da economia.
Alguns desses maiores clientes podem ter falado algo para o Handelsblatt, jornal que é mais ou menos o porta voz do PIB alemão, como uma forma de fazer mais pressão sobre a SAP.
Isso não seria fora do comum. O DSAG, grupo que reúne os grandes usuários da SAP nos países de língua alemã (o equivalente à brasileira ASUG) costuma ser bastante ruidoso na defesa do interesse dos seus integrantes, e já divulgou muitas vezes posicionamentos e pesquisas sobre o S/4 que não eram lá muito amigáveis com a SAP.
Assim, o assunto entrou no mundo antes da SAP ter totalmente definido quem afinal vai poder entrar no “SAP ERP, private edition, transition option”. Se a reportagem tivesse que apostar, diria que a resposta é “quem não chora não mama”.
Afinal, como definir “complexidade” e “tamanho”, numa carteira de clientes com milhares de empresas enormes e complexas, muitas delas pouco interessadas em embarcar num projeto complexo de TI agora mesmo?