PSOL propõe moção de repúdio aos EUA por tratamento a deportados
Os deputados Ivan Valente e Talíria Petrone classificaram o procedimento como “inadmissível” e afirmaram que Brasil não aceitará desrespeito à sua soberania
Os deputados federais Ivan Valente e Talíria Petrone, ambos do PSOL, apresentaram um requerimento à Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira, propondo à Casa uma moção de repúdio ao governo dos Estados Unidos pelo tratamento dado aos 88 imigrantes brasileiros durante o procedimento de deportação que os trouxe de volta ao Brasil na última sexta, 23 de janeiro. No documento, os parlamentares classificaram o ocorrido como “inadmissível”, “degradante”, e disseram que o Brasil não está disposto a aceitar o desrespeito à sua soberania.
“É de conhecimento geral que os imigrantes, em sua grande maioria, partem de suas terras natais em busca de uma vida mais digna, com melhores condições de segurança, trabalho e liberdade. Por isso é inadmissível que cidadãos brasileiros sejam submetidos a condições degradantes, violência verbal e física, uso de algemas e correntes nos pés, em flagrante desrespeito aos princípios da dignidade humana (…). A postura altiva dos imigrantes brasileiros demonstra que nosso país não está disposto a aceitar o desrespeito à nossa soberania”, diz trecho do requerimento.
A moção de repúdio, que ainda deverá ser votada internamente, é um requerimento que visa expressar a manifestação da Casa Legislativa em razão de um fato que enseje repúdio. Não há, no entanto, a previsão de qualquer efeito prático.
Contando com os 88 brasileiros, além de 70 imigrantes estrangeiros, o voo que trouxe os deportados deveria pousar em Belo Horizonte, mas parou em Manaus após apresentar um problema técnico. Ao chegar em solo brasileiro, policiais federais se depararam com os passageiros algemados, e retiraram os aparatos, impedindo que fossem recolocados em função da “garantia da soberania brasileira em território nacional e dos protocolos de segurança em nosso país”.
Além disso, os brasileiros que estavam no voo relataram agressões e humilhações durante a viagem, que decolou do estado americano de Louisiana, e problemas na aeronave, como defeitos no ar-condicionado. Por meio das redes sociais, o Itamaraty informou que pedirá explicações ao governo norte-americano sobre o “tratamento degradante dispensado aos passageiros no voo”.