Na 1ª reunião chefiada por Galípolo, Copom deve manter ritmo forte de alta e subir taxa de juros para 13,25%

Esta também é a primeira reunião do Copom com maioria dos diretores indicados pelo presidente Lula. Expectativa do mercado é de novos aumentos nos próximos meses, com taxa superando 15% ao ano em meados de 2025, maior nível em quase 20 anos. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad anuncia Gabriel Galípolo para Presidente do Banco Central, durante coletiva nesta quarta-feira, 28 de agosto no Palácio do Planalto. MATEUS BONOMI/ESTADÃO CONTEÚDO Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) chefiada pelo novo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central deve manter o ritmo de promover uma forte alta de um ponto percentual na taxa básica de juros da economia, de 12,25% para 13,25% ao ano. Essa é a expectativa de quase todos economistas do mercado financeiro, que têm por base indicação do próprio Banco Central — feita em dezembro do ano passado. Taxa de juros real é a maior em mais de 15 anos; Em Ponto entrevista Bernardo Guimarães ➡️ Se confirmada, será a quarta alta consecutivo da taxa Selic. E a projeção é de novos aumentos nos próximos meses, com taxa superando 15% ao ano em meados de 2025, maior nível em quase 20 anos. Essa também será a primeira reunião do Copom em que os diretores indicados pelo presidente Lula serão maioria no colegiado, ou seja, eles serão responsáveis diretamente pela decisão tomada. Com a autonomia operacional do BC aprovada pelo Congresso Nacional, e válida desde 2021, os diretores da instituição passaram a ter mandato fixo. Até o fim do ano passado, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, assim como a maioria da diretoria, era composta por indicados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula e o Partido dos Trabalhadores Campos Neto e a diretoria anterior do BC, indicada por Bolsonaro, foram alvo de ataque constante não somente do presidente Lula, mas também da presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, por subir a taxa básica de juros em um patamar considerado excessivo. A crítica era de que isso frearia demais a economia, com impacto nos empregos e na renda. No fim do ano passado, Lula baixou o tom. Ele publicou um vídeo, ao lado de ministros e de Galípolo defendendo a estabilidade econômica no país e o combate à inflação. E também fez acenos ao mercado e prometeu que 'jamais haverá interferência' na gestão do futuro chefe da autoridade monetária. "Por isso que quero te desejar boa sorte, que Deus te abençoe. Eu quero que você saiba que jamais, jamais haverá da parte da presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central", disse Lula, na ocasião. 'Você vai ser o presidente com mais autonomia que o BC já teve', diz Lula para Galípolo Mas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, manteve o tom crítico. Após a última decisão do Copom, em dezembro, que elevou os juros para 12,25% ao ano, ela classificou a decisão como "irresponsável, insana e desastrosa". "Não faz sentido nem seria eficaz para evitar alta da inflação, que não é de demanda. Nem para melhorar a situação fiscal, muito pelo contrário. Esse 1 ponto a mais vai custar cerca de R$ 50 bilhões na dívida pública. E não faz sentido para um país que precisa crescer e continuar gerando empregos", avaliou Hoffmann, por meio de rede social, naquele momento. Deputada federal, Gleisi Hoffmann, presidente do PT Reuters via BBC Segundo informou em dezembro o ex-presidente do BC, Campos Neto, a opinião dos diretores mais recentes da instituição – incluindo seu sucessor, Gabriel Galípolo, teve "peso cada vez maior" nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), incluindo a de dezembro. "A nomeação de Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central levanta questionamentos sobre a independência da política monetária [definições dos juros] e os impactos que suas decisões podem ter sobre o mercado financeiro e imobiliário. Se Galípolo seguir a linha do governo, pode haver uma pressão política para reduzir os juros mais rapidamente, o que poderia impulsionar o crédito e facilitar o financiamento imobiliário", pontuou Pedro Ros, CEO da Referência Capital. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, observou, entretanto, que os posicionamentos recorrentes de Galípolo indicam que o BC deve manter a taxa Selic elevada para enfrentar um cenário de economia dinâmica e moeda desvalorizada (dólar ainda alto). "Inclusive, ele já alertou em outros momentos que a Selic pode permanecer alta em sua gestão. Esta política contracionista é crucial para controlar a inflação e estabilizar a economia", acrescentou. Pressão inflacionária

Jan 29, 2025 - 05:15
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Na 1ª reunião chefiada por Galípolo, Copom deve manter ritmo forte de alta e subir taxa de juros para 13,25%

Esta também é a primeira reunião do Copom com maioria dos diretores indicados pelo presidente Lula. Expectativa do mercado é de novos aumentos nos próximos meses, com taxa superando 15% ao ano em meados de 2025, maior nível em quase 20 anos. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad anuncia Gabriel Galípolo para Presidente do Banco Central, durante coletiva nesta quarta-feira, 28 de agosto no Palácio do Planalto. MATEUS BONOMI/ESTADÃO CONTEÚDO Na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) chefiada pelo novo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central deve manter o ritmo de promover uma forte alta de um ponto percentual na taxa básica de juros da economia, de 12,25% para 13,25% ao ano. Essa é a expectativa de quase todos economistas do mercado financeiro, que têm por base indicação do próprio Banco Central — feita em dezembro do ano passado. Taxa de juros real é a maior em mais de 15 anos; Em Ponto entrevista Bernardo Guimarães ➡️ Se confirmada, será a quarta alta consecutivo da taxa Selic. E a projeção é de novos aumentos nos próximos meses, com taxa superando 15% ao ano em meados de 2025, maior nível em quase 20 anos. Essa também será a primeira reunião do Copom em que os diretores indicados pelo presidente Lula serão maioria no colegiado, ou seja, eles serão responsáveis diretamente pela decisão tomada. Com a autonomia operacional do BC aprovada pelo Congresso Nacional, e válida desde 2021, os diretores da instituição passaram a ter mandato fixo. Até o fim do ano passado, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, assim como a maioria da diretoria, era composta por indicados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula e o Partido dos Trabalhadores Campos Neto e a diretoria anterior do BC, indicada por Bolsonaro, foram alvo de ataque constante não somente do presidente Lula, mas também da presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, por subir a taxa básica de juros em um patamar considerado excessivo. A crítica era de que isso frearia demais a economia, com impacto nos empregos e na renda. No fim do ano passado, Lula baixou o tom. Ele publicou um vídeo, ao lado de ministros e de Galípolo defendendo a estabilidade econômica no país e o combate à inflação. E também fez acenos ao mercado e prometeu que 'jamais haverá interferência' na gestão do futuro chefe da autoridade monetária. "Por isso que quero te desejar boa sorte, que Deus te abençoe. Eu quero que você saiba que jamais, jamais haverá da parte da presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no Banco Central", disse Lula, na ocasião. 'Você vai ser o presidente com mais autonomia que o BC já teve', diz Lula para Galípolo Mas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, manteve o tom crítico. Após a última decisão do Copom, em dezembro, que elevou os juros para 12,25% ao ano, ela classificou a decisão como "irresponsável, insana e desastrosa". "Não faz sentido nem seria eficaz para evitar alta da inflação, que não é de demanda. Nem para melhorar a situação fiscal, muito pelo contrário. Esse 1 ponto a mais vai custar cerca de R$ 50 bilhões na dívida pública. E não faz sentido para um país que precisa crescer e continuar gerando empregos", avaliou Hoffmann, por meio de rede social, naquele momento. Deputada federal, Gleisi Hoffmann, presidente do PT Reuters via BBC Segundo informou em dezembro o ex-presidente do BC, Campos Neto, a opinião dos diretores mais recentes da instituição – incluindo seu sucessor, Gabriel Galípolo, teve "peso cada vez maior" nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), incluindo a de dezembro. "A nomeação de Gabriel Galípolo como presidente do Banco Central levanta questionamentos sobre a independência da política monetária [definições dos juros] e os impactos que suas decisões podem ter sobre o mercado financeiro e imobiliário. Se Galípolo seguir a linha do governo, pode haver uma pressão política para reduzir os juros mais rapidamente, o que poderia impulsionar o crédito e facilitar o financiamento imobiliário", pontuou Pedro Ros, CEO da Referência Capital. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, observou, entretanto, que os posicionamentos recorrentes de Galípolo indicam que o BC deve manter a taxa Selic elevada para enfrentar um cenário de economia dinâmica e moeda desvalorizada (dólar ainda alto). "Inclusive, ele já alertou em outros momentos que a Selic pode permanecer alta em sua gestão. Esta política contracionista é crucial para controlar a inflação e estabilizar a economia", acrescentou. Pressão inflacionária