DeepSeek não freia ambição da Meta em IA

Mesmo com avanço chinês em IA, CEO da Meta garante que investimentos bilionários continuarão para manter liderança no setor de tecnologia

O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, afirmou nesta quarta-feira (29) que ainda é cedo para avaliar qual será o impacto do avanço do modelo de inteligência artificial da DeepSeek em sua empresa e no setor de tecnologia como um todo.

Apesar disso, Zuckerberg descartou a ideia de que os gastos da Meta com IA diminuirão em breve, mesmo com a DeepSeek alegando ter provado que a criação de sistemas avançados de inteligência artificial exige menos dinheiro e recursos computacionais do que se imaginava anteriormente.

“Provavelmente é muito cedo para ter uma opinião sólida sobre o que isso significa para a trajetória de infraestrutura e investimentos de capital”, disse Zuckerberg. “Há várias tendências acontecendo ao mesmo tempo.”

Os mercados de tecnologia foram abalados esta semana pelo modelo de IA criado pela DeepSeek, um laboratório de inteligência artificial sediado em Hangzhou e ligado ao fundo de hedge chinês High-Flyer. A DeepSeek afirma que levou apenas dois meses e menos de US$ 6 milhões para desenvolver seu modelo de linguagem R1. A notícia fez as ações da Nvidia caírem 17% na segunda-feira, devido à possibilidade de que as empresas não precisem mais de tantas unidades de processamento gráfico (GPUs) para seus projetos de IA.

Zuckerberg comentou sobre a DeepSeek durante uma reunião com analistas nesta quarta-feira, como parte dos resultados do quarto trimestre da Meta. A empresa reportou um aumento de 21% nas vendas em relação ao ano anterior, atingindo US$ 48,39 bilhões, superando as expectativas de Wall Street.

As ações da Meta subiram quase 2% na segunda-feira, indicando que alguns investidores acreditam que a eficiência de custos demonstrada pela DeepSeek pode significar que a empresa de mídia social poderá desenvolver sistemas de IA poderosos gastando menos. Na semana passada, a Meta anunciou planos de investir entre US$ 60 bilhões e US$ 65 bilhões este ano como parte de sua estratégia em inteligência artificial. A empresa também informou que suas despesas totais para 2025 devem ficar entre US$ 114 bilhões e US$ 119 bilhões.

Zuckerberg afirmou que a Meta ainda está analisando os feitos da DeepSeek e que sua equipe espera implementar alguns desses avanços em seus próprios projetos de IA.

“Essa é a natureza de como as coisas funcionam, seja um concorrente chinês ou não”, disse Zuckerberg, referindo-se à forma como os avanços de uma empresa acabam beneficiando outras.

Embora seja possível que as empresas eventualmente precisem de menos recursos computacionais para treinar modelos poderosos, Zuckerberg destacou que ter uma grande capacidade de servidores pode ser necessária quando o software estiver em operação, resultando em “um nível maior de inteligência e um serviço de maior qualidade”.

“Vai ser caro para nós atender todas essas pessoas, porque estamos atendendo muita gente”, disse Zuckerberg, cuja empresa registrou 3,35 bilhões de usuários ativos diários no quarto trimestre.

A Meta continuará aprendendo com tecnologias como a da DeepSeek e lançará seus próprios modelos de IA Llama, de código aberto e gratuitos, que também podem impulsionar o setor, afirmou Zuckerberg.

“Eu continuo acreditando que investir pesadamente em infraestrutura e gastos de capital será uma vantagem estratégica ao longo do tempo”, disse ele. “É possível que descubramos o contrário em algum momento, mas acho que é muito cedo para afirmar isso. Neste momento, eu apostaria que a capacidade de construir esse tipo de infraestrutura será uma grande vantagem.”

Zuckerberg também afirmou que o surgimento da DeepSeek valida o compromisso da Meta com uma abordagem de código aberto para a IA.

“Haverá um padrão de código aberto globalmente”, disse ele. “Para nossa vantagem nacional, é importante que seja um padrão americano.”

Com informações da CNBC*

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