Conheça Flory Brisset, a artesã futurista “secreta” da alta moda

Flory foi uma mulher à frente de seu tempo. Francesa e atrevida, comme il faut, se mudou para a Inglaterra para ser dançarina e, por lá, se tornou uma das primeiras mulheres a ter sua própria conta bancária e dirigir um carro – uma novidade na época! Mas isso há muito, muito tempo… A Flory […] O post Conheça Flory Brisset, a artesã futurista “secreta” da alta moda apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.

Jan 31, 2025 - 04:09
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Conheça Flory Brisset, a artesã futurista “secreta” da alta moda

Flory Brisset, do ateliê Invenio Flory, é o segredo mais bem guardado da moda internacional (Foto: Divulgação)

Flory foi uma mulher à frente de seu tempo. Francesa e atrevida, comme il faut, se mudou para a Inglaterra para ser dançarina e, por lá, se tornou uma das primeiras mulheres a ter sua própria conta bancária e dirigir um carro – uma novidade na época! Mas isso há muito, muito tempo… A Flory de hoje, com quem falei por telefone do outro lado do oceano, não é dançarina e nem mora na Inglaterra, mas divide muito mais do que apenas o nome com a antepassada. Queridinha da moda, é um dos segredos mais bem-guardados dos círculos fashion parisienses, mas sabe ser avant-garde. Não à toa, já conquistou gente como Demna Gvasalia, diretor criativo da Balenciaga, e Olivier Rousteing, da Balmain – com quem, aliás, colaborou nos visuais feitos de areia (é isso mesmo!) que ele e a artista Tyla desfilaram no tapete vermelho do Met Gala 2024. 

Com bom uso de trocadilho, a história de Flory é uma dessas tramas que, no mundo agitado da moda, vai muito além da etiqueta. Natural de Calais – a “capital da renda”, no norte da França – começou a bordar ainda aos três anos de idade. No jargão da alta costura, já nasceu uma petite main, mas resistiu ao destino na juventude, quando quis ser arquiteta. Aos poucos, foi descobrindo que a paixão estava mesmo nos bordados e no design têxtil, que explorou a fundo – e rápido – durante seus estudos na Duperré, já vivendo em Paris.

Balmain, outono-inverno 2024 (Foto: Divulgação)

“Dois anos antes de formar, um dos meus professores sugeriu que abrisse meu próprio negócio”, ela conta, deixando escapar o nome do mestre: Pierre Hardy, o celebrado sapateiro que, além das passagens por Dior, Hermès e Balenciaga, também é cavaleiro da Legião de Honra da França. Seguindo a dica, aos meros 21 anos, inaugurou seu ateliê, o Invenio Flory, em 2011. O nome, em latim, quer dizer “descoberta”, e foi exatamente isso que sua estreia na capital francesa representou. Há séculos, afinal, Paris é dominada pelos mais tradicionais ateliês de bordados, tecidos e outros tipos de métiers d’art que, no topo da pirâmide de luxo, quase sufocam as novidades.

Flory Brisset em seu ateliê parisiense (Foto: Divulgação)

“Desde que comecei, nunca me interessei em trabalhar para nenhum deles”, fala, em referência a maisons históricas como Lesage, Montex e Lemarié, cultuados por sua ligação íntima com a Chanel. “Eu queria fazer algo novo, diferente, e explorar várias áreas da minha arte e criatividade ao mesmo tempo”. Para propor estilos inusitados, ela justifica, precisava começar do zero. “Desde o início, me lancei com impressões 3D e cortes a laser. Ninguém fazia isso na época, tudo ainda era muito tradicional. Hoje, faz parte da minha essência trabalhar com materiais improváveis e estranhos”. O sucesso não demorou a chegar, mas demandou dedicação. “Quando eu ainda era estudante, bati na porta de várias maisons com amostras do meu trabalho”, ela lembra. Eram experimentos com neoprenes e plásticos, que logo chamaram a atenção de seu primeiro admirador, o couturier Stéphane Rolland. “Nossas primeiras colaborações foram geniais, porque ele criou os vestidos a partir dos meus bordados, e não o contrário”. 

A parceria já dura cinco anos, mas está longe de ser a única. Há três anos, Flory recebeu uma ligação de Eddy Anemian, designer responsável pelos departamentos de alta costura e énoblissement da Balmain, para criar em parceria com a casa. Na última temporada, ela desenvolveu os cachos de uva em vidro que desfilaram na coleção de outono e tanto fizeram esse editor suspirar. “Foi um dos trabalhos mais difíceis que já fiz”, revela, “porque só tivemos duas semanas para fazer tudo a partir de um único esboço”. Ainda assim, ela conta que cultiva uma “relação simbiótica e de compreensão mútua” com as marcas – Chanel, Saint Laurent, Dior, Galliano, Jean Paul Gaultier… –, mas não se resume apenas à moda. Com o designer David T’Kint, por exemplo, já desenvolveu projetos para a decoração de interiores em Dubai.

Balenciaga, outono-inverno 2020 (Foto: Divulgação)

Flory floresce onde precisar. Hoje, seu ateliê-estúdio-laboratório fica a nordeste de Paris, em Pré-Saint-Gervais, mas ela me conta que tem planos de mudança: “acabei de comprar um castelo!”. O endereço em questão é o Château de la Guittonnière, do século 15, “e tem até uma torre”. Ali, a designer planeja uma reforma completa para abrigar um segundo ateliê dedicado a arquitetura e decoração. Por enquanto, o conto de fadas segue próximo da capital, focado nos preparativos para as próximas semanas de moda. “Estou com novidades de Balmain e Balenciaga, mas não posso dizer além”. O máximo que pode adiantar são mais planos, incluindo projetos colaborações com a maison Alaïa. Atenção aos detalhes! 

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