Chef Juliana Penteado conta os desafios de participar do MasterChef Portugal
A brasileira que integrou o time de jurados vive há sete anos no país e construiu sua marca com sabor, delicadeza e respeito à cultura local
A chef Juliana Penteado está imersa no mundo da cozinha desde criança, quando se inscreveu em aulas regulares de gastronomia. Na hora de decidir a carreira, seguiu com a faculdade de nutrição, mas logo passou a fazer o que mais gosta: colocar a mão na massa, literalmente.
Com formação na Le Cordon Bleu de Paris, ela construiu sua carreira trabalhando em restaurantes renomados como o 100 Maneiras, em Lisboa, sob a liderança do chef Ljubomir Stanisic. Em 2018, ela decidiu se estabelecer em Portugal, onde abriu sua própria confeitaria.
As criações se destacam pela delicadeza e criatividade. Seus doces são temperados com óleos essenciais, criando uma experiência sensorial diferenciada. Em 2024, Juliana participou como jurada no MasterChef, consolidando-se como uma das vozes mais inovadoras da comida contemporânea. Abaixo, confira a entrevista completa com a chef:
Quando você notou que queria trabalhar na cozinha?
Juliana Penteado: Comecei a fazer curso de culinária aos 12 anos de idade. Eram três horas de aula por semana que me deixavam muito feliz e confortável. Na hora de prestar vestibular, pensei em nutrição porque era algo ligado à alimentação mas, no terceiro ano, passei a fazer gastronomia também – não consegui deixar essa paixão de lado.
Trabalhei na Casa Fasano e, depois, me mudei para Paris por querer trabalhar em restaurante. De repente, apareceu uma oportunidade em Portugal e resolvi topar. Viajei por um ano conhecendo a culinária local para tentar entender qual era o meu objetivo – até que resolvi montar minha própria empresa. Foi tudo muito orgânico, as coisas foram acontecendo e tudo deu muito certo.
Por que os doces chamaram atenção?
Juliana Penteado: Entrei para a confeitaria quando me mudei para a Europa. Eu já tinha a influência da Helô, da Helô Doces, chef com quem fiz o curso na infância. Como ela fez Le Cordon Bleu, sempre foi uma referência para mim porque esse também era meu sonho. Lembro de esperar a semana toda para poder voltar para a cozinha dela e aprender mais naquele ambiente tão especial.
Esses momentos tão bons criaram raízes muito profundas em mim, na minha personalidade. Além disso, sinto que os doces são uma recompensa para dias difíceis – eles demonstram afeto, carinho e trocas afetivas. O doce agrada, traz conforto e acolhimento. Meu trabalho está ligado com essa simbologia.
Como você criou sua assinatura e como os óleos essenciais transformam as receitas?
Juliana Penteado: É engraçado porque não fiz isso de uma forma pensada, mas hoje vejo muito essa assinatura a partir das cores, dos elementos usados e até na hora que preparo o menu semanal. Me preocupo com a textura, com os sabores sazonais e com o aroma pois acho que, quando você dá uma dentada em um doce, precisa viver toda a experiência que ele propõe.
Os óleos essenciais não têm propriedades terapêuticas, eles trazem o aroma para a receita. Minha mãe usava os óleos essenciais comigo e com a minha irmã quando éramos criança e acabei encontrando uma marca francesa que os produz especificamente para fins culinários. Para mim, incluir esse ingrediente é trazer um pouco da minha história e do meu afeto para a marca.
O que Portugal te ensinou sobre confeitaria?
Juliana Penteado: Quando decidi viver em Portugal, resolvi entender a cultura local. É claro que nunca deixamos nossa essência de lado, mas precisamos aprender sobre o outro. A gastronomia daqui é muito diferente, o público tem outro paladar – e a gente tem que respeitar isso.
Fiz uma viagem que dei o nome de Rota Amarela. Percorri Portugal de norte a sul para conhecer os doces e acabei ouvindo histórias que me tocaram a partir da essência, da alma e do brilho das pessoas. Foi o momento em que criei raízes e pude ver a força da herança de família que eles trazem em tudo o que fazem.
Como foi sua participação no MasterChef Portugal?
Juliana Penteado: Foi um super reconhecimento, sem sombra de dúvidas. Cheguei a ouvir algumas falas preconceituosas mas, quando o programa começou, senti que essas pessoas entenderam que eu não cheguei para impor minha brasilidade – apesar de ter muito orgulho de ser brasileira.
Também foi um desafio incrível e uma das melhores experiências da minha vida. Fiquei extremamente surpresa quando me chamaram, apesar de ser uma responsabilidade gigante.
Eu tratava com pessoas que sonhavam em entrar para a gastronomia e, quando lidamos com sonhos, precisamos ser delicados na hora de passar qualquer informação ou feedback. Qualquer olhar ou fala torta, você pode derrubar o encanto que o outro tem pela profissão. Tentei ter um olhar muito humano.
O que é mais importante: a técnica, o sabor, a apresentação ou a identidade?
Juliana Penteado: O melhor prato é quando você tem tudo isso, sem sombra de dúvidas. Se tiver que escolher, é o sabor. Uma comida tem que ter alma e ser feita com amor!
De qualquer forma, esses processos estão todos interligados – o desenvolvimento de um prato passa pela receita, apresentação e um bom resultado. O sabor está acima de tudo, mas é muito importante ter uma apresentação bacana, um bom porcionamento e pensar na escolha dos ingredientes para que tudo esteja em harmonia.
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