Casas em terrenos estreitos: quais recursos de arquitetura podem ser aplicados

O arquiteto Paulo Tripoloni aborda o que é necessário observar para valorizar a iluminação e ventilação natural e otimizar a circulação:

Jan 17, 2025 - 01:03
Casas em terrenos estreitos: quais recursos de arquitetura podem ser aplicados

Projetar residências em terrenos estreitos é um desafio que requer criatividade, técnica e sensibilidade para maximizar o potencial do espaço sem comprometer conforto ou funcionalidade. O arquiteto Paulo Tripoloni, à frente de seu atelier, afirma que essa é uma demanda recorrente, principalmente em grandes cidades como São Paulo.

“Nosso trabalho implica em driblar as limitações físicas e aproveitar na área disponível uma planta baixa de acordo com as expectativas do cliente e baseado em critérios fundamentais que são os de entregar uma morada acolhedora, arejada e bem iluminada”, relata.

Luz natural e ventilação

Pergolado de bambu abriga área de descanso com futon e ofurô nesta casa. Projeto de Lívia Quintella. Na foto, corredor branco com claraboia.
Projeto de Lívia Quintella.Gustavo Bresciani/Divulgação

A entrada de luz natural, uma das principais preocupações em terrenos com essas características, é uma questão central trazida pelo profissional. Segundo ele, itens arquitetônicos como claraboias e rasgos de ventilação são essenciais para garantir a luminosidade.

“Setorizar os ambientes de maior permanência para a frente e os fundos, onde há possibilidade de mais aberturas, é uma maneira eficaz de permitir a entrada dessa claridade que é tão essencial”, explica. Além disso, ele reforça a importância das aberturas zenitais para iluminar ambientes centrais que, de outra forma, ficariam mais sombrios.

Charmosa casa de vila com 80 m² tem passarela que leva a atelier. Projeto de Paulo Tripoloni. Na foto, jardim, rede.
Projeto de Paulo Tripoloni.Adriano Escanhuela/Divulgação

A ventilação cruzada é outro aspecto categórico para a qualidade do ar e o conforto térmico em terrenos estreitos. Paulo aponta que o segredo está no posicionamento estratégico das janelas. “Analisar os ventos predominantes e instalar aberturas controláveis nos níveis inferiores e superiores resultam em um verdadeiro efeito ‘chaminé’ que favorece o fluxo de ar”, explica.

Continua após a publicidade

Ambientes integrados

Projeto de Ricardo Abreu. Na foto, sala integrada com cozinha e sala de jantar. Teto verde e ilha da cozinha verde, tapete listrado e poltrona vermelha.
Projeto de Ricardo Abreu.Felipe Araújo/Casa.com.br

Outros pontos relevantes dizem respeito à circulação interna e a integração dos ambientes. Em plantas compactas, a fluidez é primordial para evitar a sensação de confinamento e, para tanto, a conexão entre os cômodos precisa ser muito bem elaborada.

Escadas

Sobrado de 100 m² ganha solarium e décor que é mix de rústico e retrô. Projeto de Palladino Arquitetura. Na foto, escada de madeira.
Projeto de Palladino Arquitetura.Henrique Ribeiro, da Photuns/Casa.com.br

“A escada, que muitas vezes é vista como um elemento segregador, deve ser cuidadosamente planejada. Idealmente, ela deve se tornar uma verdadeira ligação, aproveitando o pé-direito duplo e a entrada de luz natural”, comenta Paulo. Entre as tipologias, ele revela que o formato em ‘L’ costuma comprometer a circulação caso não seja bem-posicionada.

Materiais

Charmosa casa de vila com 80 m² tem passarela que leva a atelier. Projeto de Paulo Tripoloni. Na foto, sala de estar, tapete azul.
Projeto de Paulo Tripoloni.Adriano Escanhuela/Divulgação
Continua após a publicidade

Por fim, a escolha de materiais e o design também precisam ser considerados nesse tipo de projeto. Para tanto, o arquiteto aposta em soluções que ampliam a percepção de espaço, como o uso de pisos contínuos e cores uniformes. “Gosto de considerar o cimento queimado e o epóxi, além de forros bem planejados com iluminação embutida”, finaliza.

Áreas externas

Charmosa casa de vila com 80 m² tem passarela que leva a atelier. Projeto de Paulo Tripoloni. Na foto, jardim.
Projeto de Paulo Tripoloni.Adriano Escanhuela/Divulgação

Maximizar o aproveitamento de áreas externas como jardins ou pátios, também é uma tarefa complexa e em terrenos estreitos a privacidade, muitas vezes, é comprometida pela proximidade com as casas vizinhas. “O paisagismo é a chave para resolver esse problema e através da vegetação garantimos a intimidade dos moradores sem sacrificar o contato com o exterior”, afirma o arquiteto que na arquitetura também acrescenta a eliminação de desníveis para melhorar a ligação entre o interior e o exterior, tornando o espaço mais acessível e fluido.

Garagem

Charmosa casa de vila com 80 m² tem passarela que leva a atelier. Projeto de Paulo Tripoloni. Na foto, fachada.
Na reforma da casa, o arquiteto Paulo Tripoloni manteve os traços arquitetônicos característicos de sete décadas atrás: a esquadria de ferro que deu forma à janela, a porta original da entrada e os balaústres de concreto que protegem a varanda do segundo andar.Adriano Escanhuela/Divulgação

Quanto à garagem, um elemento considerado como uma dificuldade adicional, a execução subterrânea pode ser adotada, embora implique em custos elevados. Para o profissional, o mais importante é avaliar o tipo de veículo a ser acomodado e as reais necessidades dos moradores como meio de otimizar o espaço sem comprometer o restante da residência.

Continua após a publicidade

Legislação

Passando para a adequação do projeto com o código de obras e edificações, a execução de recuos laterais desempenha um papel fundamental tanto para a circulação, quanto para preservar a vida particular e a integridade das edificações. Segundo o profissional, essa medida varia de acordo com o zoneamento de cada cidade.

 

 

 

 

Publicidade