Nouvelle Vague

O mais cansativo das discussões sobre a imagem é a ideia constante que as imagens mentem, ou que alienam, ou que é tudo superficial. Lá para os anos sessenta, os tipos da Nouvelle Vague diziam que se podia fazer política com o cinema. Mas eram directores, como o nome em inglês indica. Dirigiam um pequeno […]

Jan 14, 2025 - 14:04
Nouvelle Vague

O mais cansativo das discussões sobre a imagem é a ideia constante que as imagens mentem, ou que alienam, ou que é tudo superficial.

Lá para os anos sessenta, os tipos da Nouvelle Vague diziam que se podia fazer política com o cinema. Mas eram directores, como o nome em inglês indica. Dirigiam um pequeno exército de técnicos. Pouca gente podia discutir com eles de igual para igual. Assim, o Godard discutia com o Truffaut que discutia com o Hitchcock ou com a Agnes Varda. O espectador assistia e também discutia, mas no café, depois de ver o filme. Ou na coluna de jornal, se tinha esse privilégio.

A câmara só se tornou verdadeiramente numa caneta com os telemóveis. Dá para tomar notas e mete-se no bolso. Só se tornou verdadeiramente argumentativa, política, quando se chega àquela fase em que toda a pode simplesmente apontar e nem precisa de dizer «palavras para quê?»

As imagens mentem e as palavras também, tal como alienam ou são superficiais.