Qual o futuro do PapodeHomem e do Instituto PDH?
Boas conversas para meninos e homens. Esse é o futuro deste site. A casa anda vazia, eu sei. Mas puxe uma cadeira que ela ainda é sua. Vou desfiar um par de histórias que talvez te animem a ficar. * * * 1. Estava saindo de uma palestra que dei na FLIP. Um jovem de […] The post Qual o futuro do PapodeHomem e do Instituto PDH? appeared first on PapodeHomem.
Boas conversas para meninos e homens. Esse é o futuro deste site.
A casa anda vazia, eu sei. Mas puxe uma cadeira que ela ainda é sua. Vou desfiar um par de histórias que talvez te animem a ficar.
* * *
1. Estava saindo de uma palestra que dei na FLIP. Um jovem de uns quinze anos vem caminhando com passos hesitantes até mim e diz, com olhar cabisbaixo:
– Posso fazer uma pergunta?
– Pode, claro.
– Será que eu sou um monstro, um boy lixo, tóxico, essas coisas? É porque vejo falarem por aí que os homens são tóxicos né, e sei que preciso mudar e ser melhor e tal. Mas fico me perguntando como posso deixar de ser essa doença, sabe…
2. No meio de um workshop que conduzi ao longo de alguns dias numa escola pública no Rio Grande do Sul, um moleque de 16 me puxa de canto ao final:
– Queria perguntar uma coisa pro senhor, já que a gente falou bastante de emoções…
– Tô te escutando, Paulo, pode dizer.
– É que eu sinto raiva o tempo todo, às vezes até ódio mesmo. Como faço para parar de sentir raiva?
3. Em uma sessão com diretores da mais alta liderança de uma grande empresa, um deles pede a palavra durante uma das dinâmicas mais profundas:
– Vou abrir o jogo, tenho algo fedorento pra contar. Fui muito grosso por muitos anos com minha esposa. Até que um dia meu filho cresceu, ficou da minha altura, forte. E quando ele me viu berrando de novo com a mãe dele na sala, foi a gota dágua, ele entrou na minha frente e me empurrou pra longe dela, dizendo que era pra eu parar e nunca mais fazer isso.
– E o que você fez?
Ele engoliu em seco, os olhos cheios de lágrimas, a boca tremendo debaixo do bigode grisalho.
– Eu dei um soco na cara dele. Dei um soco na cara do meu próprio filho. Porque achei inadmissível ele questionar minha autoridade. Só que o errado era EU, não ele. Não consigo dizer o tamanho do meu arrependimento. Ele diz que me perdoou, mas nunca consegui me perdoar. De lá pra cá tenho tentado com todas minhas forças ser um homem melhor para minha família, mas é difícil demais, parece que tudo que aprendi é ser bruto.
4. No quarto dia da Expedição Meninos do Futuro, por meio da qual levamos 11 meninos dos quatro cantos do país para uma semana na montanha, um dos adultos da equipe me procurou pra dizer:
– Nunca vivi nada parecido com isso. Essas rodas, as conversas, a convivência na natureza… não sei nem dizer quem está aproveitando mais, se os meninos ou se a gente, os adultos! Se eu tivesse participado de uma coisa assim na minha juventude não ia ter errado o tanto que errei.
Sorri largo, contente. Essa foi a primeira, mas com certeza não será a última expedição que faremos!
* * *
Escuto relatos como esses, que brotam das vísceras de meninos e homens, quase todos os dias, há dezessete anos.
Essa escuta é o coração do que fazemos e muito do que vai aparecer mais por aqui. Manter os ouvidos atentos e propor boas conversas, em essência, é o nosso trabalho. Quando bem feito, essas conversas têm o poder de nos arremessar em verdadeiras aventuras de auto reflexão e crescimento. São fagulhas para mudanças individuais e coletivas. O que se conecta com as diversas vezes em que recebemos mensagens se referindo a nós como um “farol”.
O farol é nossa nova logomarca. O site PapodeHomem agora se torna PDH. Curto, sonoro, direto ao ponto, além de ser o apelido carinhoso pelo qual já somos chamados há anos.
Hoje apresentamos o Instituto PDH como responsável pelo projeto PapodeHomem, que se dedica ao trabalho de transformação com meninos e homens.
Mas qual a diferença entre o Instituto e o PapodeHomem então?
O Instituto surgiu em 2016 a partir do PapodeHomem (na época se chamava PDH Insights), mas hoje tornou-se maior – além de ser referência nacional no seu campo de atuação. É o guarda-chuva que abriga outros projetos e iniciativas, dentre elas o PapodeHomem. Antes era o contrário, o PapodeHomem era o guarda-chuva que abrigava o Instituto.
Os territórios de atuação do Instituto são:
- transformação das masculinidades,
- diversidade, equidade, inclusão,
- saúde mental, equilíbrio emocional e compaixão,
- construção de pontes entre pessoas que pensam muito diferente.
Produzimos pesquisas qualitativas e quantitativas originais que servem de base para documentários, livros, palestras, workshops e jornadas educativas e de transformação cultural. Contamos mais disso tudo na página do Instituto.
Já o site PDH se foca nas conversas para homens.
É óbvio que toda e qualquer pessoa é muito bem-vinda aqui, vamos trocar com todo mundo. Dizer que são “conversas com ou para homens” é apenas outro jeito de falar que tomamos como ponto de partida perspectivas mais usualmente associadas ao universo dos homens, com toda pluralidade que isso carrega. Afinal, aprendemos bastante nesses 17 anos de estrada sobre o quão diferentes homens podem ser entre si.
E quais conversas podem ser chamadas como “boas”?
O leque é amplo, mas posso arriscar palpites. São aquelas que nos aguçam a imaginação, que nos abrem para pontos de vista que nunca consideramos antes, as que ensinam, que ajudam a lidar melhor com nossas emoções, a ter relações mais saudáveis com outras pessoas, com nossas comunidades e consigo próprio, que ajudam a encontrar um eixo de vida e direcionamento para nossa breve passagem nesse mundo, e também as que fazem dar risadas e relaxar, que abrem generosos espaços dentro de nós .
O PDH não vai se colocar no lugar de um guru tentando te mostrar a verdade ou o jeito corretinho e virtuoso de ser homem. Não.
Vamos puxar uma cadeira e te convidar pra sentar à mesa, ombro a ombro, servindo algo de beber e assando uma comida no forno, pra te fazer se sentir em casa, seja qual for a sua caminhada ou origem.
Mas como assim “o Instituto PDH se tornou referência nacional no trabalho com homens”?
Do mundo pré-pandêmico para cá, nossa média de textos publicados caiu bastante, como puderam notar. Nossa energia foi quase toda para o Instituto PDH.
Saibam, meus amigos e amigas que nos acompanham desde os primórdios, que nesse período nós arregaçamos as mangas e trabalhamos muito. Fizemos tudo bem feito, porém seguimos quietinhos aqui no site, quase em silêncio. Quem nos acompanhou pelo Instagram sabe parte ou outra dos feitos dessa quadra de anos.
Realizamos centenas de palestras e workshops focados em:
- cultivar homens mais responsáveis, corajosos e conscientes, que sabem transitar entre força, cuidado, vulnerabilidade
- espaços, empresas e instituições mais inclusivas
- equilíbrio emocional e compaixão no cotidiano
- e na construção de pontes entre pessoas que pensam muito diferente
Nossa nota média para essas atividades, nas palavras das milhares de pessoas que participaram, está em 9.2 – fonte de orgulhinho pra casa.
Publicamos a segunda edição do livro “Como conversar com homens sobre violência contra mulheres e meninas?” , com impressão de 10.000 exemplares.
Desenvolvemos o “Mapa de Competências da Liderança Aliada da Inclusão”, o qual temos usado em treinamentos com as principais empresas do Brasil e do mundo, incluindo ações com o Pacto Global da ONU.
Estruturamos e colocamos no ar o “Programa Pessoas Aliadas” e o “Programa Homens Aliados”, que já treinaram milhares de pessoas em como serem mais inclusivas no ambiente de trabalho. Atualmente mais de 22.000 estão fazendo esse curso na Petrobrás, com mais de 1.100 certificadas.
Lançamos “O silêncio dos homens”, nosso principal documentário, já assistido por mais de 2.000.000 de pessoas.
Fizemos duas lindas imersões presenciais com o incrível time que faz o Instituto e o PDH existirem:
FOTOS IMERSÕES
Realizamos mais cinco edições de nosso evento “PAI”, focado nos desafios das paternidades atuais.
Agora estamos dedicando nossa alma ao projeto “Meninos: sonhando os homens do futuro”. Uma pesquisa, um documentário e um currículo formativo que vai para escolas, clubes de futebol e espaços esportivos pelo país afora.
Fomos bem mineiros, acho, ecoando o mantra de trabalhar em silêncio e não dar ponto sem nó. Hoje o Instituto vai muitíssimo bem, mas passou da hora de voltar a darmos carinho para a palavra aqui nessas bandas, também.
Então desfrutem da casa nova! Deixem nos comentários o que acharam e o que gostariam de ver daqui pra frente. O plano é trazer boas histórias e boas conversas, a partir do que temos vivido nas trincheiras de nossas atividades e encontros. Até breve.
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