O “Malas”

Miguel Arruda foi sem dúvida a grande surpresa da semana. Quem iria sequer imaginar que um deputado da nação, com um salário acima dos 4000€ fosse roubar à fartazana, de cara destapada e no local mais vigiado do planeta, malas aleatórias que depois armazenava no seu gabinete na AR à vista de todos? Ninguém. Obviamente […]

Fev 4, 2025 - 02:01
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O “Malas”

Miguel Arruda foi sem dúvida a grande surpresa da semana. Quem iria sequer imaginar que um deputado da nação, com um salário acima dos 4000€ fosse roubar à fartazana, de cara destapada e no local mais vigiado do planeta, malas aleatórias que depois armazenava no seu gabinete na AR à vista de todos? Ninguém.

Obviamente que por se tratar de um indivíduo ligado ao partido mais odiado dos media do mainstream teve direito a um destaque privilegiado, com aberturas bombásticas em horário nobre e horas a fio de comentaristas avençados a não largar o assunto, abandonando por completo o caso das gémeas onde Sandra Felgueiras, na Comissão Parlamentar de Investigação, acabara de confirmar o envolvimento directo de Marcelo Rebelo de Sousa e Lacerda Sales. Que conveniente que foi este “lapso” do Miguelito “tontito”.

Porém, enquanto a maioria navegava na onda da narrativa “oficial” do ladrãozeco das malas, eu, como de costume, fui seguindo outros detalhes do caso, convenientemente “esquecidos” e que saltam à vista de qualquer indivíduo mais atento.

Há muitas coisas que me intrigam nesta história do ex-militante PS que se desfiliou à pressa para integrar o CHEGA:

1. Escolheu o local do país com mais câmaras de vigilância do mundo para roubar;

2. Criou uma conta numa plataforma de compra/venda, com o seu próprio nome e data de nascimento e o mesmo email usado no CHEGA, para supostamente desembaraçar-se da mercadoria roubada, alguma fotografada em cima de malas de viagem (???) e pelo preço simbólico de 1.75€;

3. Guardou 17 malas em casa e outras tantas no seu gabinete do Parlamento;

4. Chegava ao Parlamento com malas grandes de quem vai dar a volta ao mundo, com a maior naturalidade e que guardava junto a outras dezenas de menor dimensão, no seu gabinete.

Mas há mais coisas esquisitas. Segundo esta página recente do Wikipédia, aberta apenas no dia 25 de Janeiro do corrente, Miguel Arruda possui o seguinte currículo académico e profissional:

Ora, como pode um indivíduo com um QI supostamente acima da média, ter sido protagonista de um caso com contornos do mais absurdo que há (nunca vi um ladrão a esforçar-se tanto para deixar todas as pistas para levantar suspeitas e ser pego) e ainda com um discurso e vocabulário tão infantil, às vezes a roçar o brejeiro?

Outra coisa: por que o tal “Darwin” (o indivíduo que abriu a página no Wikipédia) além de usar um perfil anónimo (que conveniente), se esqueceu de mencionar todo o percurso de Miguel Arruda no Partido Socialista, colando-o apenas ao Chega e, a Mário Machado?

Volto a dizer, sem problema algum, que este indivíduo NÃO É o que parece e por isso a história está muito mal contada. Com 2 mestrados, uma pós-graduação, investigador científico e sargento do exército, deputado da Nação, mesmo sofrendo de cleptomania (não acredito nesta teoria embora possa ser possível), escolheria um AEROPORTO para roubar? E depois colocaria o material furtado à venda na INTERNET com cara DESTAPADA?

Mais: se é doença, só se manifestou assim que mudou de partido? Durante toda a sua militância activa na Juventude Socialista não roubou nadinha? Nem uma caneta Parker?

Se fosse uma pessoa de bem, com verdadeiro amor à causa, e boa formação, teria suspendido de imediato o seu mandato por iniciativa própria. Ao demonstrar que está pouco se importando para as consequências dos seus actos no partido que ele integrou recentemente, optando por ficar (com a maior desfaçatez) independente na Assembleia da República, quando foi eleito com votos de cidadãos que acreditaram no projecto do Chega, está abertamente a confirmar ao que vinha quando mudou a militância: um lugar no Parlamento e só. Quem mais sabia desta manifesta falta de carácter deste sujeito? E já agora, aquele currículo, é verdadeiro ou também ele, falso? Convém investigar.

Infelizmente, os deputados com problemas de roubos – ao erário público, segurança social, fisco – e tráfico de influências, são às centenas. Qualquer partido está sujeito a isto e muito mais, como o podemos comprovar diariamente pelas notícias que nos chegam.

O erro do Chega, em particular, na minha opinião, é desvalorizar o que se passa nas bases. A vontade de crescer a qualquer custo trouxe dissabores, durante e depois das autárquicas. Foi clarinho como a água a quantidade de gente que se aproveitou do momento para serem recrutadas pelo partido em lugares elegíveis apenas para sentarem-se ou nas autarquias, ou no parlamento, á conta do trabalho de André Ventura, mas com outra agenda. Não sou contra aqueles que vêm dos partidos da esquerda e mudam de orientação política (errar é humano e corrigir erros, louvável). Porém, a esses deveria ser aplicado um período de nojo antes de poderem candidatar-se a lugares. Demonstrar ao que vêm antes de poder assumir cargos dentro do partido é fundamental para filtrar quem vem com outras intenções. Isto vale para qualquer partido político. Porque se já é difícil controlar os actos de quem sempre foi de direita, imagine-se, quem vem de uma militância, às vezes prolongada, na esquerda.

Infelizmente eu sei do que falo. Na minha curta passagem pela política activa, vi e ouvi coisas que nem ao diabo lembra. Desengane-se quem pensa que os perigos são apenas externos. Nada disso. Nem aqui, nem nos EUA, nem na China. O maior perigo vem de gente interna que não olha a meios para atingir os fins. Senti-o na carne quando a dado momento, durante a minha campanha para as autárquicas, dou-me conta de que havia nas redes sociais páginas e grupos difamatórios “agressivos”, que eu julgava serem da autoria da esquerda como seria expectável, e que tinham como objectivo prejudicar seriamente os resultados eleitorais. Mas, pasme-se: ficou mais tarde COMPROVADO que essa conspiração era obra da seita organizada por alguns membros da distrital da qual eu era Presidente. Gente sem escrúpulos, sem carácter (alguns ex-militantes do MRPP) dispostos a prejudicar-me mesmo sabendo das consequências para o partido no concelho de Viana. Denunciei a todos os órgãos do partido. Nada funcionou. E eles continuam aí, dentro do partido, à espera de novas oportunidades para integrar listas. Isto apesar do grande alerta que fiz, sobre estes e muitos outros, por ter visto bajulação suspeita de inúmeros figurões só para dar nas vistas do líder. A página de gente interna do Chega, “Sérgio Pereira”, e outras tantas páginas difamatórias do género (há por aí uma “A funda mentalista” que é claramente de gente ainda ligada ao partido) provêm do ódio visceral de gente integrante no Chega que por se sentirem por traídos, vingam-se tentando implodi-lo. A melhor arma de “guerra” é a implosão interna (Cavalos de Tróia). Resultou com Tróia, e está a resultar com a invasão migratória em massa sob o falso propósito humanitário. Isto é um facto.

Também há quem, externamente, não se importe de pagar bem a idiotas corruptíveis para lançar “bombas” ao inimigo: Os “infiltrados”. Mas esses, acredite, são em menor número.

Na política vale tudo até arrancar olhos (ou matar). Não estou a ser irónica. É um jogo, do mais sujo que pode haver. Coincidência ou não, enquanto estava a digerir a grande conspiração levada a cabo contra mim, por membros da minha ex-distrital, vi a série HOUSE OF CARDS (que recomendo ao aficionados por política para entenderem como ela funciona na realidade). A primeira temporada é, incrivelmente, por mais estranho que pareça, o que vivi enquanto presidente distrital até à minha renúncia ao cargo, onde me antecipei assim que me dou conta que há um plano para me destituir (aqui na série, presidente dos EUA). A propósito, reflita sobre o atentado ao Kenenedy; Trump; Bolsonaro; Sá Carneiro. O que todos eles têm em comum? Gente interna.

Ah! E poupem-me as teorias sobre atentados falsos a Trump e Bolsonaro. Em ambos os casos há fotos, vídeos, do tiro e faca, respectivamente, a furar as vítimas. Peçam-me que eu envio.

A propósito, não acharam estranho um secretário de estado do governo de António Costa guardar em seu gabinete 75000€ em estantes, ali logo à “mão de semear” da senhora da limpeza? Exactamente no “timming” certo da implosão da governação socialista do Costa e as eleições para Presidente da Comissão Europeia? O quão conveniente foi esta “descoberta” que não teve sequer quaisquer consequências para Costa…

Se tem uma visão romântica da política está na hora de acordar e observar a realidade sob outro prisma: o real, por muito que doa. O parlamento, desde 1974, é um antro de podridão. Uma escola de criminosos. Por culpa de quem? Do povo. E a razão é muito simples: vivemos a política com fanatismo, como se de um clube de futebol se tratasse, e quando assim é, a razão deixa de existir para dar lugar às emoções e assim, sempre que houve prevaricação, ambos os lados, consoante a cor política governante, desculpabilizaram os seus políticos em vez de os castigar severamente e exigir que fossem banidos da política. Sim, sim, a culpa é mesmo do povo brando que assistiu a esta pouca vergonha ao longo dos tempos e simplesmente encolheu os ombros. Quando é que aprendem que o real poder está na força do POVO UNIDO para fazerem valer os vossos direitos e RESPONSABILIZAR quem tem obrigação de honrar o vosso voto? Não importa se é de esquerda ou direita, quando desculpa em vez de condenar e exigir consequências a quem prevarica independentemente da cor política, está não só a legitimar estas acções como a perpetuá-las. E esse é o objectivo principal dos políticos: alapar nos cargos de poder eternamente.

Dizem por cá que os políticos são assim porque ganham pouco. Não, nada disso. Ganham o suficiente na folha de salário (de acordo com as possibilidades económicas do país, porque isto aqui não é a Suíça cujo salário mínimo é cerca de 4000 francos suíços) mas ainda MUITO MAIS com a rede de influências paga a peso de ouro assim que saem do poder. Vá. Indiquem aqui quantos políticos governantes saíram do Parlamento, “pobres”. Além de Oliveira Salazar e Passos Coelho, sabem de mais alguém?

A razão de haver casos “das malas” vai muito além de uma mera hipótese de cleptomania embora saiba que será este o argumento da defesa. Mas isto sou eu, que não me contento com respostas simples a questões complexas dentro da política.