“Maria Callas” é um banquete cinematográfico de moda digno de uma diva
Por Bianca Betancourt, publicado originalmente em Harper’s Bazaar US Angelina Jolie domina a arte de roubar cenas. Não importa o filme, é difícil desviar os olhos dela quando está em frente às câmeras. Em seu mais recente projeto, entretanto, o filme “Maria Callas”, dirigido por Pablo Larraín (baseado na vida da icônica cantora de ópera […] O post “Maria Callas” é um banquete cinematográfico de moda digno de uma diva apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.
Por Bianca Betancourt, publicado originalmente em Harper’s Bazaar US
Angelina Jolie domina a arte de roubar cenas. Não importa o filme, é difícil desviar os olhos dela quando está em frente às câmeras. Em seu mais recente projeto, entretanto, o filme “Maria Callas”, dirigido por Pablo Larraín (baseado na vida da icônica cantora de ópera Maria Callas), Jolie encontra uma rara e forte concorrência no deslumbrante figurino criado pelo mestre Massimo Cantini Parrini.
No filme, as roupas representam diferentes períodos da vida da cantora. Figurinos vanguardistas marcam suas apresentações mais memoráveis, enquanto casacos de lã luxuosos e vestidos impecavelmente ajustados refletem sua, por vezes, controversa vida social. Óculos oversized, broches brilhantes e outros detalhes preciosos ao longo da cinebiografia simbolizam o perfeccionismo que moldava a ética de trabalho e a personalidade de Callas. Em outras palavras, Maria é um banquete visual de moda digno da maior de todas as divas.
A seguir, Massimo Cantini Parrini revela como trouxe a vida de Maria Callas para as telas, trabalhando em estreita colaboração com Angelina Jolie, e compartilha qual dos mais de 60 (!) looks personalizados que ele criou o deixa mais orgulhoso.
Harper’s Bazaar – Como você descreveria o estilo de Maria Callas na vida real, e o que foi necessário para traduzi-lo para o cinema?
Massimo Cantini Parrini – Trabalhar nos figurinos de Maria Callas não foi tão difícil em termos de encontrar ou desenhar inspirações, pois ela era uma diva e foi entrevistada e fotografada por muitos jornalistas e pessoas diferentes. Mas, além das fotografias mais icônicas que todos já vimos em algum momento, eu também mergulhei fundo em minha pesquisa para encontrar outras imagens que a retratassem em casa de amigos, jantando fora — eventos que não estavam necessariamente ligados à sua vida profissional. Isso foi uma grande inspiração e me permitiu imaginar e criar o guarda-roupa dela, que abrange os anos 1950, 1960 e 1970. Claro, para o filme, fomos guiados pelas ideias de Pablo Larraín e projetamos um figurino que realmente encarnasse a visão dele, alinhando-se à história. Eu desenhei e confeccionei 60 figurinos, mas, no final, cerca de 50 apareceram no filme.
HB – Algo que notei ao assistir ao filme foram, obviamente, os lindos trajes de performance e os looks que Angelina Jolie, como Maria, usa em sua vida cotidiana. Também reparei nas roupas no fundo de seu quarto e no guarda-roupa. Havia literalmente roupas em todos os cantos de seu apartamento no filme. Por que era importante mostrar as roupas além das que estavam no corpo dela?
MCP – Precisávamos recriar todo o mundo dela. De fato, trabalhei com o designer de produção nesse aspecto ao apresentar todas essas roupas e peças em seu quarto e em seu closet. Este espaço pode ser considerado uma sala secreta, pois está cheio de suas memórias e lembranças de sua carreira.
Há alguns vestidos que também aparecem em manequins exibidos nessa sala secreta, que está cheia de roupas que Angelina Jolie usou ao longo do filme, porque esse closet específico contém os figurinos que ela vestiu em anos passados, nos anos 1950 e 1960, durante suas soirées ou eventos. Não incluía apenas roupas, mas também bolsas, sapatos, joias, lenços — estava repleto de itens.
HB – Um dos figurinos mais marcantes do filme é a camisola creme que Maria usa em seu apartamento. Como foi criar a camisola perfeita para ela?
MCP – Eu desenhei essa camisola imaginando-a como uma espécie de proteção. Uma vez em casa, ela estava protegida ao vesti-la, como se fosse envolvida por ela. Inspirei-me nas camisolas de avós ao criar esta peça; escolhi um tom claro de marfim porque, na última semana de sua vida, Maria normalmente usava preto fora de casa. Mas em casa, quis vê-la usando algo mais leve, para transmitir uma certa alegria, uma sensação de liberdade. Trabalhei de perto com uma senhora idosa de Roma, uma tricoteira muito habilidosa, que usou dois tipos de fios de lã — um fio liso e outro de caxemira — tricotando-os juntos em um padrão que se destacasse, com um acabamento em 3D.
HB – O glamour permeia todo o filme, algo que é um testemunho das peças criadas por você. Quanto desse efeito de opulência vem do figurino e quanto vem de uma mulher poderosa como Angelina Jolie usando essas roupas?
MCP – Senti uma emoção muito rara trabalhando nesse filme e com Angelina Jolie. Ela realmente entrou na personagem e permaneceu nela durante todo o filme. Quando estava criando as roupas, pensei na diva Maria Callas e nos vestidos que ela usaria, e vê-los sendo usados por uma diva moderna como Angelina Jolie foi extremamente emocionante para mim.
Angelina foi extremamente profissional durante a preparação do figurino. Trabalhei de perto com ela, apresentando inúmeros esboços e amostras de tecidos, e juntos decidimos quais eram os melhores para o filme.
HB – Os acessórios também são essenciais neste filme: chapéus, brincos, broches, luvas e muitos outros detalhes lindos. Quais eram os acessórios indispensáveis para trazer Maria e seu mundo à vida?
MCP – Os acessórios sempre são extremamente relevantes em filmes como este, e os detalhes fazem toda a diferença ao recriar uma era. Em relação às joias, nem todas eram vintage; muitas precisei recriar, pois não eram fáceis de encontrar. Maria Callas também amava lenços e usava muitos deles. Há diversos tipos de calçados e luvas — você percebe a quantidade de luvas diferentes que Angelina Jolie usa no filme. Reunir todos esses acessórios exigiu muito tempo e energia. Viajei bastante, e a maioria dos itens foi encontrada em Londres. Procurei também na Itália, mas não foi fácil encontrar esses objetos por lá.
HB – Há algum item específico que você criou para Maria e do qual se orgulha especialmente?
MCP – Existem duas peças. Tenho muito orgulho da camisola, que já mencionei, porque levou muito tempo para projetá-la e confeccioná-la, com as proporções certas, para que fosse especial. Não queria que parecesse uma camisola clássica dos anos 1970; queria que tivesse um charme único. Outro figurino de que me orgulho muito é o traje de performance que Maria Callas usa em Medea, a ópera. O vestido tem uma silhueta muito simples, com linhas básicas, mas é completamente pintado à mão. Foi um grande desafio criar uma cópia exata do original do zero, e isso me deixa extremamente orgulhoso.
Esta entrevista foi editada, condensada e traduzida para maior clareza.
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