Esse novo tipo de tecido orgânico pode se regenerar

Descoberta de um novo tecido resistente pode revolucionar a medicina regenerativa, tornando tratamentos mais eficazes e menos invasivos. O post Esse novo tipo de tecido orgânico pode se regenerar apareceu primeiro em Olhar Digital.

Fev 6, 2025 - 11:01
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Esse novo tipo de tecido orgânico pode se regenerar

Cientistas descobriram um novo tipo de tecido, denominado “lipocartilagem”, que pode revolucionar a medicina regenerativa. Este tecido, composto por células chamadas lipochondrócitos, combina a resistência da cartilagem com a flexibilidade da gordura. A descoberta abre novas possibilidades para o tratamento de lesões traumáticas, defeitos congênitos e doenças que afetam a cartilagem, como osteoartrite e lúpus.

A pesquisa, conduzida por uma equipe internacional liderada pela Universidade da Califórnia, revela que o novo tecido pode ser uma alternativa para substituir ou reparar cartilagens danificadas. Atualmente, lesões nessas estruturas são difíceis de tratar, já que a cartilagem tem baixa capacidade de regeneração. A lipocartilagem, no entanto, pode preencher essa lacuna ao oferecer um material biológico mais adaptável.

O professor Maksim Plikus, autor do estudo, afirma que essa descoberta abre novas possibilidades para a engenharia de tecidos. Segundo ele, o potencial do material é promissor para correções faciais e articulares. No futuro, a lipocartilagem pode ser aplicada em procedimentos médicos para restaurar a função e a estética de diferentes partes do corpo.

Como um plástico bolha natural: a cartilagem que resiste sem perder a forma

A cartilagem desempenha um papel fundamental no corpo, garantindo suporte e flexibilidade. Sua estrutura depende dos condrócitos, que produzem uma matriz extracelular rica em colágeno.

Contudo, durante a pesquisa, os cientistas identificaram algo incomum: células com reservas de gordura espalhadas pela cartilagem. Esse achado levou à descoberta de um novo tipo de célula esquelética, chamada lipochondrócito.

Lipocartilagem em uma orelha de camundongo e marcados com corante fluorescente verde. (Imagem: UC Irvine/Charlie Dunlop, School of Biological Sciences)
Lipocartilagem em uma orelha de camundongo e marcados com corante fluorescente verde. (Imagem: UC Irvine/Charlie Dunlop, School of Biological Sciences)

Diferente das células de gordura, que aumentam ou encolhem conforme o corpo armazena ou queima energia, os lipochondrócitos mantêm sempre o mesmo tamanho. Mesmo em situações extremas, como obesidade ou falta de alimento, essas células não sofrem mudanças.

Isso permite que a lipocartilagem mantenha sua resistência e flexibilidade, sem perder suas propriedades. Por essa razão, o novo tecido pode ter aplicações importantes na medicina.

Por isso, os pesquisadores compararam a lipocartilagem ao plástico bolha, já que ela absorve impactos sem perder flexibilidade. Enquanto as células de gordura comuns se expandem ou encolhem, alterando a estrutura dos tecidos, a lipocartilagem mantém sua forma e resistência.

Essa estabilidade pode transformar a medicina regenerativa, tornando o novo tecido uma alternativa promissora para reparação de cartilagens, reconstrução facial e tratamento de lesões articulares.

Um novo caminho para a regeneração de tecidos

A descoberta da lipocartilagem desafia antigas suposições sobre a biomecânica do corpo. Segundo Raul Ramos, autor principal do estudo, entender como os lipochondrócitos mantêm sua estabilidade ao longo do tempo é um dos próximos desafios.

Imagem mostra pesquisadores médicos.
Descoberta da lipocartilagem traz avanços no tratamento de lesões e doenças degenerativas (Imagem: greenbutterfly/Shutterstock)

Os pesquisadores também identificaram lipocartilagem em outros mamíferos, como morcegos e marsupiais, cujas orelhas são finas e flexíveis. Além disso, células humanas cultivadas a partir de células-tronco embrionárias apresentaram depósitos lipídicos semelhantes. Esse achado reforça o potencial do novo tecido para aplicações médicas.

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No futuro, a lipocartilagem pode substituir procedimentos invasivos na reconstrução de cartilagens. Atualmente, a retirada de tecido das costelas é dolorosa e complexa. Com células cultivadas em laboratório, seria possível criar cartilagem sob medida, moldada por impressão 3D. A técnica pode revolucionar o tratamento de traumas, defeitos congênitos e doenças cartilaginosas.

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