Entrevista com Cadu Carvalho, da newsletter Tipo Aquilo

Nota do editor Uma série de entrevistas com pessoas que mantêm newsletters presentes no diretório de newsletters brasileiras. Leia as outras entrevistas.

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Qual é a sua newsletter?

Tipo Aquilo.

Fale um pouco de você, Cadu.

Eu sou designer gráfico e programador front-end, com um profundo interesse na teoria, prática e história da tipografia. Desde a graduação que eu me considero um “nerd” de tipografia, estudando sobre o assunto e ensaiando alguns caracteres e fontes, até realmente imergir no assunto com a Especialização em Tipografia pela Faculdade Senac.

Desde então, eu busco produzir fontes, estudar a evolução dos meios de reprodução tipográfica e fazer tudo isso convergir com meu trabalho de design de interfaces.

Como surgiu a ideia de lançar uma newsletter?

Quando eu cheguei ao final da Especialização em Tipografia, senti que ainda existia um mundo de assuntos de todo tamanho para aprender e, na medida do possível, absorver para a minha prática tipográfica.

Com o tempo, percebi que, às vezes, me encantava menos pelos pormenores da tipografia e da escrita, e mais pelo caminho que eles percorreram aos dias de hoje. Na época, eu me senti influenciado por podcasts de storytelling como o Boa Noite Internet, e descobri o formato com a newsletter do blog de ficção científica e literatura Momentum Saga.

Assim, surgiu a ideia de fazer o formato de newsletter virar uma espécie de “diário de estudo”, que junta o assunto que eu estou afim de aprender mais, com a vontade de escrever melhor, contando histórias cativantes ao invés do bê-a-bá meio sacal. Isso é fundamental para que eu possa compartilhar essa minha paixão pela tipografia, mostrando para as pessoas como esse assunto permeiam suas vidas o tempo inteiro sem que elas percebam, deixando visível o que parece invisível.

Qual é o seu processo criativo para escrever uma nova edição?

Eu tenho um pequeno banco de assuntos que venho alimentando desde quando a newsletter surgiu, com diversos tópicos relacionados a tipografia e design gráfico. A cada quinzena, eu vejo qual desses assuntos me parece mais “apetitoso” para escrever sobre, podendo coincidir com alguma efeméride ou momento contemporâneo paralelo, ou simplesmente parecer fácil. Tendo um assunto escolhido, gasto de dois a três dias pesquisando, colhendo e analisando referências, e fazendo uma grande lista de principais achados.

Após a pesquisa, começo a colocar esses achados numa ordem certa, costurá-los numa narrativa coesa e pensar em como introduzir esse tema para as pessoas “de fora” da tipografia e do design. Cada edição do Tipo Aquilo tem, geralmente, duas introduções; a segunda, mais simples, nasce enquanto eu conecto os achados em prosa. A primeira, que apresenta a edição de fato, precisa conectar o assunto com o cotidiano da pessoa, algo que ela entenda e possa se relacionar, e é sempre a última parte de cada edição a ser escrita.

Enfim, o texto passa por pelo menos um dia de descanso para uma primeira revisão, adição de imagens, uma revisão final, e enfim, a publicação.

Sua newsletter tem uma assinatura paga ou gera dinheiro de alguma outra forma?

Não.

Pretende transformá-la em negócio/tentar fazer dinheiro com ela no futuro?

Não.

Por quê?

Eu não tenho problema em monetizar a newsletter de forma pontual, em edições específicas, em que possa explorar o potencial criativo de conciliar assuntos interessantes com produtos ou marcas interessantes. Contudo, não me vejo monetizando de forma recorrente, com assinaturas ou mesmo doações, por alguns motivos. O principal deles é preservar a independência de criar meu conteúdo e escolher minhas pautas.

Além disso, eu gosto de acreditar no Tipo Aquilo como um meio de informação e divulgação cultural que funciona melhor sendo gratuito. Atualmente eu não tenho tempo nem meios para produzir conteúdo adicional de membros pagantes e nem vontade de limitar ou podar o que os assinantes já têm acesso.

Que dispositivo(s) você usa para escrever e gerenciar sua newsletter? (O Manual do Usuário é um blog de tecnologia, afinal