Diário de uma mãe

Estamos no mês de Janeiro e ainda se definem planos e objectivos para este novo ano. É assim no trabalho, mas também em família, começamos a planear as férias, a marcar no calendário as datas importantes, e a fazer listas intermináveis de tudo o que gostávamos de ter e fazer. Não sendo excepção à regra, também tenho estado empenhada neste tipo de tarefas, identifiquei duas actividades físicas às quais me quero dedicar, recomecei o journaling, estabeleci os meus objectivos de leitura, e tomei a iniciativa de retomar a escrita neste blog. Para já, vou dedicar-me a um tema, seguir um fio condutor, que é simultaneamente o motivo do regresso e também o da ausência: os filhos. Fui mãe pela primeira vez vai fazer oito anos e, apesar de não sentir que deixei de ser eu própria, tive de redefinir as minhas prioridades. Ser mãe é exigente, e desculpem mas não é para todos, se calhar nem é para mim, porque há dias em que é de facto um sacrifício. Não posso contudo deixar de explicar que sacrifício, embora seja conotado como algo negativo, é uma forma de demonstrarmos a nossa entrega a alguma coisa, uma entrega de compromisso e valor, que nos obriga a abdicar de outras formas de ser e estar para benefício de um bem maior. A minha história não tem nada de especial, é comum e banal, mas é minha e por isso define-me e mostra quem sou. Fui mãe pela primeira vez há quase oito anos e passados quinze meses fui mãe outra vez. Ainda hoje as opiniões dividem-se, há quem me chama louca, e quem elogie a coragem. Em minha defesa, ou simples descrição dos factos, queria ter dois filhos, porque queria que o primeiro tivesse um irmão, que não fosse filho único como eu. Queria ter um menino e uma menina e quis o destino que assim fosse, então tudo correu pelo melhor. Há vantagens e desvantagens em ter filhos tão próximos, eu tento focar-me nas vantagens e atribuir a culpa dos dias menos bons às desvantagens. A vida tem-me ensinado que o melhor é não fazer grandes planos, mas dar sempre o nosso melhor a cada instante. Na realidade nunca sabemos quando tudo começa ou acaba, é mais um viver o dia a dia com a certeza que é este momento presente que nos abraça e impele a continuar em frente. Há quase oito anos que não tenho um sono descansado, e não é porque eles durmam mal, são verdadeiros anjos, umas poucas doenças não muito preocupantes, uns pesadelos nocturnos, e pouco mais. O problema sou eu e um sono leve que veio para ficar, uma preocupação constante que faz, como muitos dizem, ter o coração a bater fora de nós, um estar sempre alerta, um matutar no passado, presente e futuro que possa dar-lhes tudo o que merecem. Continua...

Jan 18, 2025 - 19:41
Diário de uma mãe

Estamos no mês de Janeiro e ainda se definem planos e objectivos para este novo ano. É assim no trabalho, mas também em família, começamos a planear as férias, a marcar no calendário as datas importantes, e a fazer listas intermináveis de tudo o que gostávamos de ter e fazer. Não sendo excepção à regra, também tenho estado empenhada neste tipo de tarefas, identifiquei duas actividades físicas às quais me quero dedicar, recomecei o journaling, estabeleci os meus objectivos de leitura, e tomei a iniciativa de retomar a escrita neste blog. Para já, vou dedicar-me a um tema, seguir um fio condutor, que é simultaneamente o motivo do regresso e também o da ausência: os filhos.

Fui mãe pela primeira vez vai fazer oito anos e, apesar de não sentir que deixei de ser eu própria, tive de redefinir as minhas prioridades. Ser mãe é exigente, e desculpem mas não é para todos, se calhar nem é para mim, porque há dias em que é de facto um sacrifício. Não posso contudo deixar de explicar que sacrifício, embora seja conotado como algo negativo, é uma forma de demonstrarmos a nossa entrega a alguma coisa, uma entrega de compromisso e valor, que nos obriga a abdicar de outras formas de ser e estar para benefício de um bem maior.

A minha história não tem nada de especial, é comum e banal, mas é minha e por isso define-me e mostra quem sou. Fui mãe pela primeira vez há quase oito anos e passados quinze meses fui mãe outra vez. Ainda hoje as opiniões dividem-se, há quem me chama louca, e quem elogie a coragem. Em minha defesa, ou simples descrição dos factos, queria ter dois filhos, porque queria que o primeiro tivesse um irmão, que não fosse filho único como eu. Queria ter um menino e uma menina e quis o destino que assim fosse, então tudo correu pelo melhor. Há vantagens e desvantagens em ter filhos tão próximos, eu tento focar-me nas vantagens e atribuir a culpa dos dias menos bons às desvantagens.

A vida tem-me ensinado que o melhor é não fazer grandes planos, mas dar sempre o nosso melhor a cada instante. Na realidade nunca sabemos quando tudo começa ou acaba, é mais um viver o dia a dia com a certeza que é este momento presente que nos abraça e impele a continuar em frente. Há quase oito anos que não tenho um sono descansado, e não é porque eles durmam mal, são verdadeiros anjos, umas poucas doenças não muito preocupantes, uns pesadelos nocturnos, e pouco mais. O problema sou eu e um sono leve que veio para ficar, uma preocupação constante que faz, como muitos dizem, ter o coração a bater fora de nós, um estar sempre alerta, um matutar no passado, presente e futuro que possa dar-lhes tudo o que merecem.

Continua...