Começa o cessar-fogo em Gaza; entenda como funciona o acordo

Haverá entrada de ajuda humanitária no enclave palestino e a libertação de reféns e prisioneiros; fim da guerra não está assegurado

Jan 19, 2025 - 10:29
Começa o cessar-fogo em Gaza; entenda como funciona o acordo

O governo de Israel aprovou na 6ª feira (17.jan.2025) o acordo de cessar-fogo com o Hamas, depois de 2 dias de impasses, marcando um avanço para o término do conflito que dura mais de 1 ano. A trégua entrou em vigor neste domingo (19.jan) com a implementação da 1ª das 3 etapas determinadas. 

O texto foi costurado por Qatar, Egito e Estados Unidos. Foi anunciado na 4ª feira (15.jan). Na 5ª feira (16.jan), no entanto, o governo de Israel criticou as exigências feitas de última hora pelo Hamas. Declarou que o grupo extremista estava tentando criar uma “crise”. No fim, deu aval ao acordo.

Formulário de cadastro
E-mail

A 1ª etapa contempla a libertação de reféns por ambos os lados. O Hamas deve soltar 33 reféns israelenses –vivos ou mortos. O grupo extremista vai priorizar mulheres, crianças e idosos. Já Israel deve liberar prisioneiros palestinos. 

Durante essa fase, prevê-se que haja: 

  • segurança no corredor da Filadélfia (território ao longo da fronteira entre a Faixa de Gaza com o Egito);
  • Volta gradual das operações na fronteira entre Rafah, na Faixa de Gaza, e o Egito; espera-se que pessoas doentes e casos humanitários possam ir para território egípcio receber tratamento e que ajuda humanitária entre no enclave;
  • Permissão para que residentes desarmados do norte do enclave palestino possam voltar para suas cidades –durante o conflito, a maioria dos palestinos se deslocou para o sul;
  • Retirada e tropas israelenses do corredor Netzarim, no centro da Faixa de Gaza.

A 2ª etapa deve se iniciar em 3 de fevereiro, no 16º dia do acordo. Essa fase inclui a libertação de mais reféns e prisioneiros.

O Ministério da Justiça israelense disse que deve libertar, no total, até 1.904 pessoas –entre eles, 737 que estavam presas por razões diversas e 1.167 palestinos que foram detidos na Faixa de Gaza durante a ofensiva terrestre das FDI (Forças de Defesa de Israel). 

A previsão é que a libertação dos reféns e prisioneiros dure 42 dias, “durante as quais haverá uma pausa nos combates”.  

Segundo documento publicado na 6ª feira (17.jan) pelo ministério (íntegra, em hebraico – PDF – 637 kB), os prisioneiros serão libertados apenas depois que os reféns israelenses não estiverem mais sob o domínio do Hamas. 

A 3ª e última fase do acordo de cessar-fogo também deve ser iniciada em 3 de fevereiro. Será quando vão se iniciar as negociações para a reconstrução da Faixa de Gaza. 

FUTURO NA REGIÃO É INCERTO

A principal dúvida é sobre até quando o arrefecimento nas tensões bélicas na região se manterá. Isso porque não existem garantias de que o conflito terá um fim quando as fases do acordo forem concluídas.

No sábado (18.jan), em seu 1º discurso depois da aprovação do acordo, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o cessar-fogo é “temporário”

A guerra fez com que a maior parte da população de 2,3 milhões da Faixa de Gaza enfrentasse uma crise humanitária.  O conflito começou quando integrantes do Hamas fizeram uma invasão inesperada ao sul de Israel, matando mais de 1.200 pessoas e sequestrando mais de 200. No mesmo dia, Netanyahu declarou guerra ao grupo extremista e passou a fazer incursos na Faixa de Gaza. 

Desde o início do conflito, mais de 48.698 pessoas morreram, de acordo com a Al Jazeera. Até a última atualização, na 4ª feira (15.jan), havia o registro de 47.559 mortos palestinos e 1.139 israelenses.