Uns choram, outros vendem lenços: Fundos brasileiros lucram no México apesar de Trump

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Fev 6, 2025 - 20:26
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Uns choram, outros vendem lenços: Fundos brasileiros lucram no México apesar de Trump

Gestores brasileiros lucraram no México no mês passado ao apostarem que as primeiras semanas de Donald Trump de volta à Casa Branca não impediriam uma aceleração dos cortes de juros no país vizinho ao sul.

As taxas dos contratos de swap do México caíram em toda a curva em janeiro, com os contratos de um ano recuando mais de 50 pontos-base. Os brasileiros entraram fortemente em posições receptoras – que se beneficiam da queda dos juros futuros – apostando que o mercado estava subestimando a probabilidade de um ciclo mais agressivo de cortes em meio ao enfraquecimento da economia.

Os principais fundos multimercado da Legacy Capital e Vinland Capital, algumas das maiores gestoras do Brasil, superaram a maioria dos concorrentes monitorados pela Bloomberg no mês passado, impulsionados em parte pelas apostas na queda dos juros no México. Eles registraram retornos de 2,3% e 1,5% líquidos de taxas, respectivamente, em comparação com o ganho de 1% do CDI, índice de referência do mercado brasileiro.

O Itaú Janeiro, fundo multimercado gerido pelo Itaú Asset Management, afirmou em nota a clientes que estava concentrando sua exposição em juros mexicanos nos vencimentos mais curtos, apostando em uma postura mais dovish do Banco do México (Banxico). O fundo subiu 2,8% em janeiro.

“As chances de cortes maiores no México estavam totalmente mal precificadas”, disse José Oswaldo Monforte, gestor da Vinland. “Agora, isso já está mais bem incorporado aos preços dos ativos – o que significa que os riscos já não são mais assimétricos.”

Aposta agressiva

Essa não é a primeira vez que os fundos multimercado brasileiros tomam a dianteira no México, incluindo apostas que deram errado após uma surpresa eleitoral no ano passado. Eles têm operado posições mais agressivas na parte curta da curva de juros.

Apesar do risco de tarifas dos EUA que podem prejudicar o peso mexicano, o mercado já precifica majoritariamente um corte de 50 pontos-base nesta quinta-feira. Atualmente, os investidores projetam quase 180 pontos-base de redução nos próximos 12 meses, contra 110 pontos-base há um mês.

Estrategistas do Citigroup, liderados por Dirk Willer, recomendaram aos investidores apostas na queda dos juros através de contratos de swap com vencimento em dois anos, citando o crescimento econômico fraco e a expectativa de que os mercados “só voltarão a se preocupar com as tarifas se elas realmente forem implementadas.”

Para o JPMorgan Chase & Co., apostar em contratos de juros de curto prazo com melhor desempenho em relação aos de longo prazo pode ser uma estratégia eficaz para se proteger contra possíveis tensões comerciais.

“Em um cenário negativo, as tarifas poderiam representar riscos significativos para o crescimento, ancorando a ponta curta da curva, mas mantendo o prêmio de risco elevado na parte longa,” escreveram estrategistas como Gisela Brant em nota de 5 de fevereiro.

O peso mexicano acumula alta de 1% no ano e recentemente ganhou fôlego extra depois que Trump concordou em adiar as tarifas de 25% sobre exportações mexicanas após uma conversa com a presidente do México, Claudia Sheinbaum.

“Com juros muito altos, economia mais fraca e menor espaço fiscal, naturalmente é necessário um alívio monetário maior,” disse Ning Sun, estrategista sênior de mercados emergentes da State Street Global Markets. “Trump deu um tempo extra para o México.”

© 2025 Bloomberg L.P.

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