Por que somos viciados em acompanhar filhos de famosos na internet?
Entenda até que ponto a exposição da parentalidade na internet é saudável
Vídeos de bebês reagindo a novas descobertas, crianças dando seus primeiros passos e famílias compartilhando rotinas ao lado dos filhos têm dominado as redes sociais nos últimos anos.
Mas por trás dos números gigantescos de visualizações e curtidas em um conteúdo aparentemente inocente, há também a curiosidade cada vez mais desenfreada pela vida e desenvolvimento de crianças que mal conhecemos — especialmente àquelas que são filhas de influenciadoras famosas, como Virgínia e ViihTube.
Os números não mentem: de acordo com uma pesquisa realizada pelo Opinion Box, em janeiro de 2024, cerca de 14% dos usuários afirmaram acompanhar e apreciar conteúdos relacionados à criação e cuidado com filhos no Instagram.
Mas, afinal, por que nos sentimos tão atraídos por esse tipo de conteúdo que aborda uma infância da qual não fazemos parte?
Criação versus exposição
De acordo com a psicanalista Cristina D’Ávila, acompanhar filhos de famosos nas redes sociais é um comportamento que gera uma sensação de pertencimento e até um falso sentimento de que estamos participando emocionalmente daquela narrativa, como se fossemos familiares.
A especialista afirma que, ao analisar a dinâmica atentamente, é notável que as consequências da super exposição podem ser danosas não apenas para quem consome o conteúdo, mas principalmente para quem cria.
“Ver um indivíduo crescer, aprender a falar ou ser espontâneo em um mundo performático ativa nossa sensibilidade para emoções ligadas à empatia e ao afeto. Por outro lado, é possível dizer que a intimidade e a interação desse menor com seus responsáveis estão, consequentemente, fadadas a sofrer críticas públicas desde muito cedo. E isso não é saudável para nenhum dos lados”, declara.
Parentalidade “editada”
Para Cristina, na maioria dos casos, os conteúdo produzidos por influenciadores familiares seguem uma linha cuidadosamente curada, na qual os desafios e as dificuldades das disparidades sociais durante a criação ficam ora em segundo planos, ora escondidas.
“Nessa dinâmica, as famílias se veem obrigadas a compartilhar seus momentos mais felizes com medo de parecerem ‘menos perfeitas’ ou de não atingirem a aceitação que o público espera”, afirma.
Ao levar isso para o cotidiano, tanto os seguidores quanto os influenciadores acabam internalizando sentimentos de comparação e frustração, o que dificulta a busca por uma parentalidade autêntica, baseada no que realmente importa (e funciona) para cada família.
Sem um olhar crítico, muitas famílias podem se sentir pressionadas a seguir um modelo inatingível, baseado em filtros e edições, reforça Cristina.
O essencial, segundo a especialista, é lembrar que cada experiência é única. Educar uma criança vai muito além do que é postado em vídeos de poucos segundos.
“Não existe um manual universal para criar filhos, e a comparação com realidades editadas só gera frustração. Cada família tem seus desafios e suas formas de lidar com eles, e isso precisa ser respeitado”.
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