PF diz que ex-ministro de Bolsonaro Fabio Wajngarten atuou para ocultar kit de joias sauditas

Presentes dados pela Arábia Saudita ao governo brasileiro colocaram ex-presidente Jair Bolsonaro na mira da Polícia Federal. Fabio Wajngarten nega qualquer irregularidade no caso. Ex-secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten Anderson Riedel/PR A Polícia Federal (PF) afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (27), que reuniu novos elementos que reforçam o indiciamento de Fabio Wajngarten pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso da venda das joias sauditas pelo ex-governo Bolsonaro.  Fabio Wajngarten é advogado e foi secretário de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) durante a gestão de Bolsonaro. Relembre o inquérito das joias em que Bolsonaro foi indiciado Segundo a PF, os indícios demonstram que Wajngarten, dentre os integrantes do grupo investigado, foi designado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para transportar, de forma oculta, as joias do denominado "Kit Ouro Rose", desviado do acervo público brasileiro (relembre mais abaixo). PF diz ao STF que venda ilegal de joias sauditas bancou despesas em dólar de Bolsonaro nos EUA A investigação da PF no inquérito das joias indica que Bolsonaro se apropriou e se beneficiou da venda de quatro conjuntos de joias de forma ilegal. A conclusão está no inquérito sobre as joias dadas de presente pelo governo da Arábia Saudita ao governo brasileiro durante a gestão Bolsonaro. Os itens foram vendidos nos Estados Unidos por assessores do ex-presidente e o valor dos desvios, ainda de acordo com a corporação, é estimado em R$ 6,8 milhões (US$ 1.227.725,12). A Polícia Federal indiciou, em julho do ano passado, o ex-presidente e mais 11 pessoas no inquérito das joias. Novos indícios Ao analisar dados do celular de Marcelo Câmara, a PF encontrou uma procuração assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que indica Wajngarten como representante no Tribunal de Contas da União (TCU). O documento informava que o advogado do presidente teria direito de retirar e transportar, por quaisquer meios e por quaisquer rotas (inclusive internacionais), os bens especificados no "item 1" do documento, que descreve exatamente as joias que compunham o denominado kit ouro rosê. De acordo com a PF, "chama a atenção que o documento ressalta a possibilidade de utilização de rotas internacionais para proceder a devolução das joias, fato que ratifica a ciência de que os bens desviados do acervo público estavam no exterior, contrariando as afirmações dos investigados de que os bens estariam no acervo do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizado na denominada Fazenda Piquet, situada em Brasilia/DF". Wajngarten, que atuava como advogado de Bolsonaro, nega as acusações e afirma que não cometeu nenhuma irregularidade. Ele diz que soube do caso apenas porque prestou apenas consultoria jurídica sobre a entrega das joias ao Tribunal de Contas da União (TCU). Mas, a PF aponta que os elementos reforçam que os atos praticados por Wajngarten, apesar de habilitado como advogado perante a OAB, não guardam qualquer relação com as prerrogativas da advocacia, essencial no exercício do direito de defesa de qualquer investigado.  "Fabio Wajngarten aderiu ao esquema criminoso, praticando atos executórios, dentro da divisão de tarefas estabelecidas pelos investigados, para recuperar as joias do denominado "kit ouro rose", com a finalidade de trazê-las para o Brasil, ocultando a localização e movimentação das joias, assim como, escamotear os proventos auferidos por Jair Bolsonaro com a negociação dos demais itens desviados do acervo público", diz o documento enviado a Moraes. Os investigadores dizem que o grupo de Bolsonaro atuou para sustentar a versão de que as joias estavam armazenadas na Fazenda Piquet, junto com os demais itens do acervo privado de Jair Bolsonaro, mas "precisavam trazer, deforma oculta as joias para o Brasília/DF, simulando uma entrega a partir da Fazenda Piquet". "O modus operandi realizado por Fabio Wajngarten para resgatar o 'kit ouro rose' foi o mesmo utilizado por Mauro Cid para recomprar e trazer para o Brasil os itens do kit ouro branco", aponta a PF. Joias citadas no inquérito Os documentos da Polícia Federal listam quatro conjuntos de joias, entre kits, relógios e esculturas, que teriam sido recebidos como presentes do governo da Arábia Saudita para a gestão Bolsonaro: Um kit de joias, chamado "Rosê", pela cor das peças - que incluía um relógio Rolex; Um kit de joias, chamado "Ouro branco", pelo material de sua fabricação - também incluía um relógio Rolex; Um relógio, modelo Patek Philippe Geneve; Duas esculturas, um coqueiro e um barco.

Jan 27, 2025 - 19:56
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PF diz que ex-ministro de Bolsonaro Fabio Wajngarten atuou para ocultar kit de joias sauditas

Presentes dados pela Arábia Saudita ao governo brasileiro colocaram ex-presidente Jair Bolsonaro na mira da Polícia Federal. Fabio Wajngarten nega qualquer irregularidade no caso. Ex-secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten Anderson Riedel/PR A Polícia Federal (PF) afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (27), que reuniu novos elementos que reforçam o indiciamento de Fabio Wajngarten pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro no caso da venda das joias sauditas pelo ex-governo Bolsonaro.  Fabio Wajngarten é advogado e foi secretário de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) durante a gestão de Bolsonaro. Relembre o inquérito das joias em que Bolsonaro foi indiciado Segundo a PF, os indícios demonstram que Wajngarten, dentre os integrantes do grupo investigado, foi designado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para transportar, de forma oculta, as joias do denominado "Kit Ouro Rose", desviado do acervo público brasileiro (relembre mais abaixo). PF diz ao STF que venda ilegal de joias sauditas bancou despesas em dólar de Bolsonaro nos EUA A investigação da PF no inquérito das joias indica que Bolsonaro se apropriou e se beneficiou da venda de quatro conjuntos de joias de forma ilegal. A conclusão está no inquérito sobre as joias dadas de presente pelo governo da Arábia Saudita ao governo brasileiro durante a gestão Bolsonaro. Os itens foram vendidos nos Estados Unidos por assessores do ex-presidente e o valor dos desvios, ainda de acordo com a corporação, é estimado em R$ 6,8 milhões (US$ 1.227.725,12). A Polícia Federal indiciou, em julho do ano passado, o ex-presidente e mais 11 pessoas no inquérito das joias. Novos indícios Ao analisar dados do celular de Marcelo Câmara, a PF encontrou uma procuração assinada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que indica Wajngarten como representante no Tribunal de Contas da União (TCU). O documento informava que o advogado do presidente teria direito de retirar e transportar, por quaisquer meios e por quaisquer rotas (inclusive internacionais), os bens especificados no "item 1" do documento, que descreve exatamente as joias que compunham o denominado kit ouro rosê. De acordo com a PF, "chama a atenção que o documento ressalta a possibilidade de utilização de rotas internacionais para proceder a devolução das joias, fato que ratifica a ciência de que os bens desviados do acervo público estavam no exterior, contrariando as afirmações dos investigados de que os bens estariam no acervo do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizado na denominada Fazenda Piquet, situada em Brasilia/DF". Wajngarten, que atuava como advogado de Bolsonaro, nega as acusações e afirma que não cometeu nenhuma irregularidade. Ele diz que soube do caso apenas porque prestou apenas consultoria jurídica sobre a entrega das joias ao Tribunal de Contas da União (TCU). Mas, a PF aponta que os elementos reforçam que os atos praticados por Wajngarten, apesar de habilitado como advogado perante a OAB, não guardam qualquer relação com as prerrogativas da advocacia, essencial no exercício do direito de defesa de qualquer investigado.  "Fabio Wajngarten aderiu ao esquema criminoso, praticando atos executórios, dentro da divisão de tarefas estabelecidas pelos investigados, para recuperar as joias do denominado "kit ouro rose", com a finalidade de trazê-las para o Brasil, ocultando a localização e movimentação das joias, assim como, escamotear os proventos auferidos por Jair Bolsonaro com a negociação dos demais itens desviados do acervo público", diz o documento enviado a Moraes. Os investigadores dizem que o grupo de Bolsonaro atuou para sustentar a versão de que as joias estavam armazenadas na Fazenda Piquet, junto com os demais itens do acervo privado de Jair Bolsonaro, mas "precisavam trazer, deforma oculta as joias para o Brasília/DF, simulando uma entrega a partir da Fazenda Piquet". "O modus operandi realizado por Fabio Wajngarten para resgatar o 'kit ouro rose' foi o mesmo utilizado por Mauro Cid para recomprar e trazer para o Brasil os itens do kit ouro branco", aponta a PF. Joias citadas no inquérito Os documentos da Polícia Federal listam quatro conjuntos de joias, entre kits, relógios e esculturas, que teriam sido recebidos como presentes do governo da Arábia Saudita para a gestão Bolsonaro: Um kit de joias, chamado "Rosê", pela cor das peças - que incluía um relógio Rolex; Um kit de joias, chamado "Ouro branco", pelo material de sua fabricação - também incluía um relógio Rolex; Um relógio, modelo Patek Philippe Geneve; Duas esculturas, um coqueiro e um barco.