O túnel mais longo e profundo do mundo custará $ 1.9 bilhão, mas reduzirá o tempo de viagem em 11 horas

A Noruega está prestes a superar seu próprio recorde de engenharia com um projeto que parece saído de um filme de ficção científica: um megatúnel subaquático de 26,5 quilômetros de extensão, batizado de Rogfast. A estrutura não apenas se tornará a mais longa do mundo sob a água, mas também a mais profunda, alcançando até 396 metros abaixo do nível do mar. Com um custo estimado em US$ 1,9 bilhão, o túnel fará parte de uma ambiciosa reforma na rodovia E39, que corta o litoral do país, ligando as cidades de Trondheim, no norte, a Kristiansand, no sul.

Atualmente, viajar entre esses dois pontos leva impressionantes 21 horas, em um trajeto interrompido por sete balsas que enfrentam constantes atrasos devido ao clima rigoroso do Mar do Norte. Com o Rogfast, a viagem será reduzida para apenas 10 horas. O túnel conectará os distritos de Randaberg e Bokn, permitindo que motoristas cruzem a estrutura em cerca de 35 minutos — um avanço radical para quem depende da rota costeira. Para utilizar a passagem, será cobrado um pedágio equivalente a £30 (cerca de R$ 200).

O Lærdal é atualmente o túnel mais longo do mundo

O projeto é uma resposta direta aos desafios climáticos da região. “O porto de Mortavika fica muito exposto, e no inverno as balsas precisam desviar para outros locais”, explica Oddvar Kaarmo, gerente do Rogfast. “Com o túnel, não dependeremos mais do bom tempo para manter as estradas abertas.” A obra faz parte de um investimento de US$ 38 bilhões na modernização da E39, com quase metade do financiamento vindo de impostos e o restante dos pedágios após a inauguração.

A construção começou em 2018, mas enfrentou revés significativo com a pandemia, adiando a conclusão para 2033 — quase uma década além do planejado. A logística é um dos maiores obstáculos: após a fase de escavação, que usa explosivos e perfurações, será necessário instalar sistemas de ventilação, iluminação e segurança em tempo recorde. “Metade do esforço está em gerenciar operações simultâneas, não apenas na escavação”, detalha Kaarmo.

O megatúnel subaquático reduzirá o tempo de viagem em 11 horas (@Vegvesenet/YouTube)

Para contextualizar a magnitude do Rogfast, vale lembrar que a Noruega já detém o título de túnel terrestre mais longo do planeta: o Túnel de Lærdal, com 24,5 quilômetros. Inaugurado em 2000 após cinco anos de obras, ele liga os municípios de Lærdal e Aurland e incluiu soluções criativas para evitar crises de claustrofobia nos motoristas, como iluminação azul e áreas de descanso. O custo? US$ 100 milhões — uma fração do valor do novo túnel subaquático.

Enquanto o Lærdal atravessa montanhas, o Rogfast mergulhará sob fiordes, enfrentando pressões submarinas e condições geológicas complexas. A profundidade máxima, equivalente a um prédio de 120 andares, exigirá revestimentos reforçados e tecnologia de ponta para prevenir vazamentos. Além disso, sistemas de monitoramento 24 horas garantirão resposta rápida a emergências, como incêndios ou falhas estruturais.

A obra já mobiliza engenheiros, geólogos e operários em turnos contínuos, com máquinas trabalhando em múltiplas frentes de escavação. Quando finalizado, o túnel não apenas facilitará o transporte de passageiros, mas também impulsionará a economia local, integrando regiões antes isoladas e reduzindo custos logísticos para o comércio.

Enquanto o mundo acompanha projetos futuristas como os Hyperloops ou carros voadores, a Noruega prova que soluções inovadoras podem estar literalmente sob nossos pés — ou, neste caso, sob as águas geladas do Mar do Norte. O Rogfast não é apenas uma obra de engenharia: é um exemplo de como desafios geográficos podem ser transformados em oportunidades para conectar pessoas e economias.

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