O ‘Instagram’ do carnaval de 100 anos atrás: pesquisador revela imagens de antigos estúdios do Rio usados por foliões durante blocos
Imagens reunidas por Rafael Cosme datam de entre 1920 e 1950, quando a Avenida Rio Branco era o principal ponto de reunião de foliões. Saiba como era o 'Instagram' de 100 anos atrás na época do carnaval Qual folião nunca tirou uma foto ou se deixou registrar fantasiado pensando em postar ou guardar a imagem de recordação? O costume parece ser tão entranhado no carnaval da era digital que, mesmo com o risco evidente de sofrer um furto de celular, é difícil encontrar alguém que responda “não”. Saiba aqui tudo sobre o carnaval do Rio Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme O trabalho do pesquisador e jornalista carioca Rafael Cosme, entretanto, está reunindo imagens que mostram que posar para fotos no carnaval é uma mania antiga – centenária até – no Rio. Cosme encontrou dezenas de imagens que mostram como, entre as décadas de 1920 e 1950, era popular o costume de interromper a diversão dos blocos de carnaval no Centro e em outras regiões da cidade para subir em estúdios com o objetivo de registrar a fantasia – e poses – para a posteridade. “Havia uma tradição dos foliões de entrar nos laboratórios fotográficos do Rio. No meio da festa, fantasiados, eles eram fotografados exibindo seus instrumentos ou lança-perfumes. As fotografias eram entregues em formato de cartão. Geralmente eram ofertadas e enviadas a familiares, amigos e amores com uma dedicatória”, explica Rafael. Conhece alguém que aparece nas fotos? Clique aqui e nos conte sua história Rafael pesquisa imagens do Rio antigo há cerca de sete anos e coleciona negativos, álbuns e fotos. As buscas dele começaram na feira de rua dos sábados na Praça 15 e, posteriormente, foi para acervos particulares. Para o jornalista e pesquisador, os registros sobre o carnaval são uma parte importante dessa pesquisa e da história da cidade. "Há milhares dessas fotografias espalhadas pela cidade, guardadas em acervos particulares. Meu trabalho é justamente catalogar e encontrar o máximo desses registros e criar uma espécie de mapa desses personagens carnavalescos que celebraram com a cidade ao longo de um século." Das milhares de imagens de carnaval que adquiriu ao longo dos anos, chamou a atenção do pesquisador, então, a repetição do hábito dos foliões de se fotografarem nos estúdios. Esse tipo de estabelecimento era comum no Centro do Rio entre a segunda metade do século 19 e a segunda do século passado. Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Dezenas de laboratórios no Centro A presença de laboratórios fotográficos no Centro do Rio e a popularidade deles data do século 19. Em uma pesquisa no Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do RJ, uma espécie de "avô" das antigas Páginas Amarelas, no qual pessoas buscavam endereços de serviços antes da Internet, é possível ver que em 1868 havia cerca de 30 laboratórios e estúdios no Centro do Rio. Um dos ateliês, localizado na Rua São José, era do renomado fotógrafo Marc Ferrez, reconhecido por contribuições significativas para a documentação visual da modernização do Brasil. As imagens de estúdios acervo de Rafael são mais recentes - as fotos foram tiradas entre cerca de 70 e 100 anos atrás. É possível ver que alguns dos estabelecimentos tinham uma espécie de fundo para compor os cenários. Rafael conta que os laboratórios onde foram tiradas as fotos que ele localizou estavam na região central da cidade, em bairros como a Lapa e ruas do Centro, e também em outras áreas, como na Zona Norte, em bairros como Engenho de Dentro e Pilares. Muitas das fotos foram feitas quando o principal centro nervoso e midiático do carnaval do Rio era a Avenida Rio Branco, no Centro - usada por desfiles de ranchos, sociedades e blocos e foliões avulsos. Entre os anos 40 e 60, também houve desfiles das escolas de samba na Rio Branco. Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme As fotos revelam algumas tendências de fantasias entre homens e mulheres daquele período de tempo: baianas e ciganas, entre as mulheres; chapéus de marinheiros, entre os homens. Os temas militares nas fantasias também apareciam entre as mulheres - um grupo delas exibia algo parecido com cassetetes. Em uma das poucas fotos que exibe cores uma foliã muito jovem veste uma fantasia que parece fazer referência aos indígenas norte-americanos, com um grande cocar. Ela é uma das poucas que aparece com vestidos acima dos joelhos - a maioria dos vestidos eram mais longos, alguns com bordados. Apesar do calor, no recorte de tempo em que foram feitas as fotos, vários foliões não abriam mão de paletós, camisas de manga longa e jaquetas, complemen
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Imagens reunidas por Rafael Cosme datam de entre 1920 e 1950, quando a Avenida Rio Branco era o principal ponto de reunião de foliões. Saiba como era o 'Instagram' de 100 anos atrás na época do carnaval Qual folião nunca tirou uma foto ou se deixou registrar fantasiado pensando em postar ou guardar a imagem de recordação? O costume parece ser tão entranhado no carnaval da era digital que, mesmo com o risco evidente de sofrer um furto de celular, é difícil encontrar alguém que responda “não”. Saiba aqui tudo sobre o carnaval do Rio Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme O trabalho do pesquisador e jornalista carioca Rafael Cosme, entretanto, está reunindo imagens que mostram que posar para fotos no carnaval é uma mania antiga – centenária até – no Rio. Cosme encontrou dezenas de imagens que mostram como, entre as décadas de 1920 e 1950, era popular o costume de interromper a diversão dos blocos de carnaval no Centro e em outras regiões da cidade para subir em estúdios com o objetivo de registrar a fantasia – e poses – para a posteridade. “Havia uma tradição dos foliões de entrar nos laboratórios fotográficos do Rio. No meio da festa, fantasiados, eles eram fotografados exibindo seus instrumentos ou lança-perfumes. As fotografias eram entregues em formato de cartão. Geralmente eram ofertadas e enviadas a familiares, amigos e amores com uma dedicatória”, explica Rafael. Conhece alguém que aparece nas fotos? Clique aqui e nos conte sua história Rafael pesquisa imagens do Rio antigo há cerca de sete anos e coleciona negativos, álbuns e fotos. As buscas dele começaram na feira de rua dos sábados na Praça 15 e, posteriormente, foi para acervos particulares. Para o jornalista e pesquisador, os registros sobre o carnaval são uma parte importante dessa pesquisa e da história da cidade. "Há milhares dessas fotografias espalhadas pela cidade, guardadas em acervos particulares. Meu trabalho é justamente catalogar e encontrar o máximo desses registros e criar uma espécie de mapa desses personagens carnavalescos que celebraram com a cidade ao longo de um século." Das milhares de imagens de carnaval que adquiriu ao longo dos anos, chamou a atenção do pesquisador, então, a repetição do hábito dos foliões de se fotografarem nos estúdios. Esse tipo de estabelecimento era comum no Centro do Rio entre a segunda metade do século 19 e a segunda do século passado. Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Dezenas de laboratórios no Centro A presença de laboratórios fotográficos no Centro do Rio e a popularidade deles data do século 19. Em uma pesquisa no Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do RJ, uma espécie de "avô" das antigas Páginas Amarelas, no qual pessoas buscavam endereços de serviços antes da Internet, é possível ver que em 1868 havia cerca de 30 laboratórios e estúdios no Centro do Rio. Um dos ateliês, localizado na Rua São José, era do renomado fotógrafo Marc Ferrez, reconhecido por contribuições significativas para a documentação visual da modernização do Brasil. As imagens de estúdios acervo de Rafael são mais recentes - as fotos foram tiradas entre cerca de 70 e 100 anos atrás. É possível ver que alguns dos estabelecimentos tinham uma espécie de fundo para compor os cenários. Rafael conta que os laboratórios onde foram tiradas as fotos que ele localizou estavam na região central da cidade, em bairros como a Lapa e ruas do Centro, e também em outras áreas, como na Zona Norte, em bairros como Engenho de Dentro e Pilares. Muitas das fotos foram feitas quando o principal centro nervoso e midiático do carnaval do Rio era a Avenida Rio Branco, no Centro - usada por desfiles de ranchos, sociedades e blocos e foliões avulsos. Entre os anos 40 e 60, também houve desfiles das escolas de samba na Rio Branco. Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme As fotos revelam algumas tendências de fantasias entre homens e mulheres daquele período de tempo: baianas e ciganas, entre as mulheres; chapéus de marinheiros, entre os homens. Os temas militares nas fantasias também apareciam entre as mulheres - um grupo delas exibia algo parecido com cassetetes. Em uma das poucas fotos que exibe cores uma foliã muito jovem veste uma fantasia que parece fazer referência aos indígenas norte-americanos, com um grande cocar. Ela é uma das poucas que aparece com vestidos acima dos joelhos - a maioria dos vestidos eram mais longos, alguns com bordados. Apesar do calor, no recorte de tempo em que foram feitas as fotos, vários foliões não abriam mão de paletós, camisas de manga longa e jaquetas, complementando o "look" com chapéus. Outra tendência, especialmente entre mulheres, era completar as fantasias de temas como ciganas ou espanholas com pandeiros nas mãos. Há ainda no acervo de Rafael fotos de amigas com fantasias em grupo felizes, mas com uma criança aparentemente entediada na ponta da imagem. Em outras imagens, famílias inteiras posam. É possível ver o estranhamento de algumas pessoas em posar para as imagens. Outras já exibem sorrisos e brincadeiras. Em uma dedicatória de uma foto de 1929, assinada por José Francisco Alves, a imagem é oferecida à irmã e ao cunhado, com recordação do carnaval. Entretanto, outra foto, em um clima menos "família", um grupo de rapazes posa com vidros de lança-perfume - que, na época, não eram proibidos. Entre as imagens há uma, de uma menina fantasiada e sentada olhando para a câmera, datada de 1924, exatos 101 anos atrás. Para Rafael, as imagens de estúdio fazem parte de uma memória importante do carnaval e do Rio. Ele costuma dizer que sua missão nesse projeto é revelar uma parte da cidade que segue guardada em armários e arquivos pessoais, longe do que é exposto em museus. Veja, abaixo, várias fotos de foliões em estúdio tiradas entre as décadas de 20 e 50: Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnava. Foto mostra menina fantasiada em 1924l Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval. Foto mostra foliã em 1954 Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme Acervo de pesquisador revela hábito de foliões cariocas de se fotografarem em estúdios do Centro no carnaval Arquivo Pessoal/Rafael Cosme