Nosferatu foi um plágio? Saiba como foram os bastidores do filme original
Clássico do terror de 1922 virou remake nas mãos do diretor Robert Eggers, de "A Bruxa" e "O Farol".
Copia, só não faz igual
Nosferatu é uma adaptação não autorizada de Drácula (1897), livro do irlandês Bram Stoker (1847-1912) que consagrou a versão moderna do mito dos vampiros. O roteiro alterou os nomes dos personagens (“Drácula” virou “Orlok”, “Van Helsing” virou “Buwler”, e por aí vai). Além disso, transferiu a história da Inglaterra para a Alemanha. Mas há elementos inéditos, como mostrar a luz do Sol como uma das fraquezas dos vampiros.
A mente por trás
Durante a 1ª Guerra, o alemão Albin Grau teria ouvido a história de um fazendeiro sérvio cujo pai havia se transformado em vampiro. De volta à Alemanha, Grau, que participava de um grupo ocultista, cofundou o estúdio Prana para produzir filmes com temas sobrenaturais. Grau é um dos grandes responsáveis pelo visual gótico de Nosferatu (o Conde Orlok, por exemplo, foi baseado numa versão ilustrada de 1915 do Golem, criatura do folclore judaico).
Estreia de gala
Dirigido por F.W. Murnau, Nosferatu é um dos principais expoentes do expressionismo alemão, movimento que exagerava nas sombras, maquiagens, figurinos e atuações para dar vazão às angústias do pós-guerra (e que lançou as bases para gêneros como o terror e o noir). A Prana Film investiu pesado na campanha de lançamento: a estreia teve uma apresentação de dança e um baile à fantasia no auditório do Jardim Zoológico de Berlim.
Te vejo no tribunal
Florence Balcombe, viúva de Stoker, exigiu royalties por Nosferatu e processou a Prana. Florence ganhou, porém Albin Grau declarou falência e ela jamais viu a cor do dinheiro. Em 1925, a Justiça alemã exigiu que todos os rolos do filme fossem recolhidos e destruídos. Àquela altura, porém, a obra já havia se espalhado pelo mundo. As cópias piratas preservaram o longa até que as primeiras restaurações fossem lançadas décadas depois.
Outras versões
Em 1979, Werner Herzog fez um remake de Nosferatu. O diretor quis usar dez mil ratos em cena, porém metade deles morreu devido a maus-tratos durante a produção. Outro filme que explora Nosferatu é A Sombra do Vampiro (2000), com o ator Willem Dafoe (que está no filme de Eggers). O longa se passa nos bastidores do original de 1922 e aborda a lenda de que o alemão Max Schreck, que interpretou Orlok, seria um vampiro na vida real.