Kingdom Come Deliverance 2 é tudo isso mesmo? (Review em progresso)

Em 2018, a Warhorse Studios apresentou ao mundo dos games um RPG medieval nunca antes visto. Embora os holofotes naquele ano estivessem inclinados para God of War e Red Dead Redemption 2, Kingdom Come Deliverance plantou uma semente no coração dos amantes de RPG que agora em 2025 deu seu fruto.

Kingdom Come Deliverance 2 chega ao mercado no dia 4 de fevereiro de 2025 nas plataformas do PS5, Xbox Series e PC com um novo visual, novas adições numa nova aventura para Henry na Europa do século VX. Diante de tanta expectativa, será que a continuação é tudo isso mesmo? Veja abaixo nosso review em progresso!

Uma sequência impressionante

Uma continuação nasce com um desafio de superar seu antecessor, e somente nas primeiras horas que joguei, Kingdom Come Deliverance 2 superou isso em grande estilo. A começar pela narrativa, KCD2 (Kingdom Come Deliverance 2) se inicia logo após os créditos do primeiro, dando ao jogador que experienciou o o título original uma sensação de continuidade natural. Ao mesmo tempo, o jogo promete que os novatos na franquia poderão desfrutar desta nova história sem preocupação com o jogo anterior. Afinal, a nova aventura de Henry te levará para algo inédito, até para quem jogou o primeiro.

Nesta nova jornada, Henry ainda está na busca por vingança, algo apresentado no primeiro jogo. E a continuação faz questão de conectar tais eventos e entregar de forma natural neste novo capítulo. A impressão que dá é que não levou 7 anos para vivenciarmos o mais novo episódio na vida Henry. Pelo contrário, levou apenas algumas horas, e agora já estamos em uma nova jornada. Esse sentimento é fruto do trabalho excelente da narrativa do jogo que se preocupou em dar relevância aos eventos anteriores e entregar de forma orgânica esta nova aventura.

Partindo para o que importa, diferente do primeiro jogo onde vemos Henry se tornar um ser humano maduro após alguns eventos trágicos em sua vida, em KCD2 apresenta uma mudança no caráter e na abordagem narrativa. Não que o primeiro jogo não seja violento e dramático, mas a sequência aborda de forma mais constante este mundo tão cruel e imprevisível. Em uma entrevista que tivemos com a Warhorse Studios em setembro de 2024, o estúdio enfatizou essa mudança:

“Em Kingdom Come: Deliverance 1, Henry passa de menino a homem; agora, ele precisa se tornar um guerreiro. Mas não se preocupe, o jogo ainda mantém seu bom humor.”

Essa nova postura é algo que se torna nítido no tom da voz de Henry e em suas respostas. De fato, o mundo mudou para o personagem.

Um mundo mais vivo do que nunca

Se você se impressionou e amou o que o mundo de Kingdom Come Deliverance te entregou em termos narrativos, nesta sequência o estúdio conseguiu melhorar o que já era bom. Não há uma missão (desde principais, secundárias e tarefas) em que eles não entregaram um entretenimento de qualidade. O amor e o esmero depositado neste game é nítido na forma como os diálogos são expostos e no impacto que suas ações e os eventos do mundo afetam seu redor. KDC1 já fez isso 7 anos atrás, mas aqui é perceptível o quanto esse estúdio evoluiu em termos criativos. É algo surreal e que pouco se vê, com exceção de produtos vindos da CD Projekt Red e da Rockstar. É impossível não se envolver de imediato nas histórias que Kingdom Come Deliverance apresenta.

Realmente, é um mundo irresistível. E, embora haja uma crença onde o “menos é mais”, Kingdom Come Deliverance 2 prova que “mais é mais” e com qualidade e excelência. A trilha sonora, por sua vez, traz um papel tão importante para o envolvimento do jogador com este mundo tão vivo e imersivo.

Um jogo surpreendente maior e expansivo

Kingdom Come Deliverance 2 foi bastante tradicionalista em manter conceitos apresentados em seu antecessor. E embora isso possa te incomodar (por talvez esperar mudanças), a continuação não veio com o intuito de trazer revoluções e novidades de mecânicas ou afins. Este novo capítulo da Warhorse Studio resume-se à evolução que eles criaram em 2018. Mesmo assim, o jogo traz um novo minigame onde você se trona um ferreiro, um sistema de prisão, onde você pode ser preso após cometer crimes e até mesmo executado ocasionando o “fim do jogo”.

Se você ainda não conhece a franquia, KCD1 se tornou querido por seu realismo e perfeccionismo dentro do progresso desta aventura. O entretenimento de como criar armas ou preparar ingredientes e afins estão de volta, porém com uma roupagem melhor e mais dedicados. A grande questão é que, para algo já tão bem trabalhado, era a hora de refiná-los. E é isso que Kingdom Come Deliverance faz com suas mecânicas. Não só com isso, mas com o mundo que ele apresenta para o jogador.

Tudo aqui é maior e expansivo. O mapa é maior, as regiões são novas e os personagens também. Se a forma de se jogar continua a mesma para quem jogou há 7 anos atrás, posso garantir que a forma de se viver em Kingdom Come Deliverance 2 é nova. As vilas trazem uma quantidade superior de NPCs, e além disso, os detalhes dos lugares e a forma que o mundo reage aos NPCs é impressionante.

Um realismo sem precedentes

O realismo que o jogo transmite em seu mundo e com seus personagens é digno do título de Red Dead Redemption. Não é à toa e nem leviana minha afirmação. A natureza, a vida animal e os NPCs que ali coexistem têm suas rotinas apresentadas de uma forma orgânica ao ponto de esperar um ferreiro fazer todo um rito matinal para que, então, eu fosse até ele para conversar. Surreal. A Warhorse Studios é um estúdio perfeccionista e este novo jogo é a prova desse carinho. Tudo que foi criado tem um contexto e uma lógica. Coisa que experienciamos raramente.

Diferente de grande parte da indústria que vem adotando a Unreal Engine 5, a Warhorse Studios preferiu usar uma versão atualizada da CryEngine, e o resultado é um mundo maior, vibrante e encantador aos olhos. Explorar os quatros cantos da Boêmia do século 15 foi algo impactante. Afinal, o que você verá é uma natureza em sua dominância, e um mundo totalmente reativo. Isso por si só já proporcionará um dos melhores visuais de mundo aberto desta atual geração.

Quanto à performance, minha análise aconteceu no PC em uma RTX 4070 Super em 2K e preset no “Ultra” e o jogo rodou lindamente bem. Há momentos e regiões que fazem o desempenho cair, mas creio que seja corrigido com um patch do Dia 1. No modo geral, o visual de Kingdom Come Deliverance 2 é encantador. Esta nova versão da CryEngine possibilitou o estúdio ousar mais e entregar mais detalhes, e expandir em termos visuais um mundo tão vivo e lindo.

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