Juiz diz que vai suspender licença forçada de funcionários da USaid
Medida seria temporária; Trump planeja manter só 300 dos cerca de 10.000 trabalhadores da agência
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O juiz do Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito de Columbia, Carl Nichols, disse nesta 6ª feira (7.fev.2025) que suspenderá temporariamente a licença forçada de funcionários da USaid (Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional).
A medida, anunciada na 3ª feira (4.fev) pelo governo de Donald Trump (Partido Republicano), tinha o objetivo de reduzir de 10.000 para 290 o nº de funcionários da agência responsável por fornecer ajuda humanitária mundial. Só seriam mantidos os profissionais especializados em assistência e saúde.
Segundo a imprensa local, o juiz informou que emitiria uma ordem na ação movida por entidades sindicais que representam os funcionários da USaid. As organizações entraram na Justiça para reverter a medida de Trump, que começaria a valer a partir desta 6ª feira (7.fev).
As entidades argumentam que Trump não tem autoridade para fechar a agência sem a aprovação do Congresso. Caso a medida avançasse, o órgão público teria que organizar a viagem de volta aos EUA de cerca de 10.000 pessoas que trabalham pela USaid em todo o mundo, segundo o New York Times.
A agência está sob investigação do Doge (Departamento de Eficiência Governamental), co-liderado pelo empresário Elon Musk.
O QUE É A USAID
A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional foi criada em 1961 foi pelo então presidente John Kennedy. Por decreto, ele unificou diversos programas assistenciais dos EUA. Até a chegada do republicano Donald Trump à Casa Branca em 20 de janeiro de 2025, atuava em mais de 100 países.
Nos anos 1960 e 1970, a agência era vista em países do Terceiro Mundo, como o Brasil, como um instrumento de interferência norte-americana em várias áreas, sobretudo para promover os valores políticos dos EUA. Nos movimentos de esquerda brasileiros, a USaid (cujo nome era pronunciado “usáid” por aqui) era considerada uma espécie de besta-fera do imperialismo.
A partir dos anos 1980 e, mais recentemente, nos anos 2000, a USaid passou a atuar em pautas mais ligadas a direitos humanos, meio ambiente e a favor de minorias. Houve uma aproximação de temas identitários e assim a imagem da agência mudou, passando a ser respeitada pelas esquerdas em países como o Brasil –e pelos militantes do Partido Democrata nos EUA.
O nome em inglês da agência é “United States Agency for International Development”. Os norte-americanos, em geral, soletram as duas primeiras letras “U” e “S” e, depois, falam o acrônimo final como se fosse uma palavra “aid” (cujo significado é “ajuda”). O slogan da agência, logo abaixo da sigla, é “from the American People”. É que US e aid podem ser traduzidos como “ajuda dos Estados Unidos” –daí o complemento “do povo norte-americano”.
O Poder360 adota em seus textos a grafia da forma como o acrônimo é mais comumente falado nos EUA: USaid.
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