Presidente do Boavista acusa SAD de reiterada ausência de resposta
A Boavista SAD tem manifestado uma reiterada "ausência de resposta" ao clube da I Liga de futebol, denuncia o presidente Vítor Murta, cujo sucessor vai ser conhecido entre Filipe Miranda ou Rui Garrido Pereira nas eleições de sábado.
"É a postura normal da SAD desde a tomada de posse do Fary Faye. Tem existido uma completa ausência de resposta, além do incumprimento para com o clube. Vão pagando algumas coisas avulsas, mas não cumprem na íntegra o protocolo e isso causa enorme prejuízo", disse o ex-líder da SAD portuense (2020-2024), em entrevista à agência Lusa.
No sábado, Vítor Murta recebeu um documento das mãos do gestor Filipe Miranda com a disponibilização de uma garantia de 910 mil euros para ajudar a SAD a desbloquear o impedimento de inscrição de novos jogadores junto da FIFA, mas "não recebeu qualquer resposta até ao momento" da administração liderada pelo ex-futebolista senegalês Fary.
O documento recebido pelo clube decorre de um acordo celebrado a 50 anos entre a lista de Filipe Miranda e um fundo de investimento norte-americano, que permitiria antecipar em meio ano, com uma taxa de juro "muito baixa", a receção de uma verba de um milhão de euros (ME) pela transferência do defesa direito Pedro Malheiro para os turcos do Trabzonspor, negociada em julho em 2024 por dois ME fixos, mais 500 mil em variáveis.
"Nem sequer analisei o documento em si. O que fiz foi recebê-lo, entrar em contacto com a SAD e solicitar uma reunião com caráter urgente para se perceber se seria possível resolver o impedimento com isso", notou Vítor Murta, frisando que a candidatura de Filipe Miranda tentou fazer o mesmo com o acionista maioritário da sociedade, Gérard Lopez.
Contactada na altura pela agência Lusa, fonte ligada ao processo disse que a solução do gestor para suplantar um problema em vigor há cinco janelas de transferências seguidas "não é possível" em função do Processo Especial de Revitalização (PER) da SAD, cujo pedido foi aceite em novembro de 2024 pelo Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia
Já a Boavista SAD mostrou-se indisponível para reagir às declarações de Vítor Murta e remeteu para um comunicado publicado no sábado, antes da conferência de imprensa promovida pela candidatura de Filipe Miranda, garantindo estar focada "na resolução dos problemas mais prementes da sociedade" e com "total imparcialidade" no ato eleitoral.
De acordo com a última atualização da lista de clubes sujeitos a proibições de registo por parte da FIFA, o Boavista enfrenta 16 processos ativos, dos quais sete vigoram por três períodos de inscrição e nove têm duração ilimitada, estando datados de abril de 2023 a dezembro de 2024, período que envolve o último ano de Vítor Murta na SAD, administradora do futebol profissional 'axadrezado', bem como os primeiros oito meses da gestão de Fary.
O advogado lembra que o Boavista poderia ter desbloqueado os impedimentos no verão de 2023 através da venda de "alguns atletas nucleares", entre os quais Pedro Malheiro, Bruno Onyemaechi e Róbert Bozeník, mas, em conversa com o então treinador Petit, foi decidido manter a equipa, sem necessidade de inscrever novos jogadores para 2023/24.
"Começámos muito bem essa época, mas, depois, por implosão interna das pessoas que nesta altura estão à frente da SAD e que quiseram tomar o poder, começou a haver um rebuliço. Estava a aproximar-se o fim do meu mandato e era preciso que as coisas não corressem bem para haver uma troca. Levantaram-se alguns tumultos internos, a equipa ressentiu-se disso no campeonato e as coisas começaram a não correr bem", defendeu.
Com a saída de Murta da SAD antes do último verão, momento em que a anterior gestão previa sanar em definitivo as restrições, a equipa de Fary tomou posse e preparou a nova época, mas nunca conseguiu registar reforços, apesar de já terem deixado de constar do portal do organismo quase metade do máximo de 39 impedimentos atingidos há um mês.
"Os bloqueios estão a ser levantados com base no PER que a SAD intentou. O PER está a suspendê-los, pois os impedimentos não estão a ser pagos. Se o PER da SAD não for aprovado, os impedimentos vão manter-se todos. Agora, eu pergunto porque é que não intentaram um PER logo em maio? Se o fizessem, suspendiam os processos da FIFA e inscreviam atletas em agosto", alegou.
Antes do final da janela de verão, na qual atingiu 2,5 ME fixos com as vendas de Pedro Malheiro e Chidozie, mais 700 mil euros em objetivos, por entre diversas saídas a custo zero, a SAD justificou a impossibilidade de resolver as restrições em tempo útil com uma penhora excecional validada no período de férias judiciais e libertou Ibrahim Alhassan e Bruninho, reforços anunciados para 2024/25 e sem utilização possível em jogos oficiais.
"O clube e a SAD têm os bens penhorados há muitos anos. Essa dívida da BTL vem da construção do estádio, mas utilizaram um argumento falso para justificar a não inscrição", ripostou Vítor Murta, desconhecendo o valor necessário para libertar as restrições atuais.
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