Will Sharpe e Jennifer Grey revelam detalhes sobre ‘A Verdadeira Dor’

Atores falam com exclusividade para CLAUDIA sobre o filme de Jesse Eisenberg, que mescla comédia e reflexões profundas sobre o Holocausto

Fev 2, 2025 - 18:00
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Will Sharpe e Jennifer Grey revelam detalhes sobre ‘A Verdadeira Dor’

“A estreia de ‘A Verdadeira Dor‘ no Festival do Rio, em outubro de 2024, foi uma grata surpresa. Sem gritar originalidade, o filme, um road movie com amigos incompatíveis e diálogos afiados, evoca o espírito das comédias clássicas, com reviravoltas emocionantes que transformam o herói. É instigante e surpreendente.

Particularmente, sempre viajei e adorei conhecer o mundo. Contudo, mesmo em lugares históricos, imponho limites. No Louvre, por exemplo, lembro do massacre de protestantes na Noite de São Bartolomeu, mas jamais visitaria um campo de concentração.

Essa mesma reação inspirou Jesse Eisenberg, diretor, ator e roteirista de ‘A Verdadeira Dor’. Seu segundo filme, já cotado para o Oscar 2025, é uma comédia espirituosa e emocionante, com temas sérios e profundos.

Jesse e Kieran Culkin interpretam primos judeus americanos viajando pela Polônia em homenagem à avó, sobrevivente do Holocausto. Uma história pessoal de Jesse, que se chocou ao ver um anúncio de ‘tour do Holocausto com almoço’, o que lhe deu a ideia para o filme.

O grupo que acompanha os primos nessa jornada inclui, entre outros, o guia James (Will Sharpe, que conhecemos de The White Lotus) e Marcia (Jenniffer Grey). Os dois atores conversaram exclusivamente com CLAUDIA sobre o filme. Confira:

Entrevista com Jennifer Grey e Will Sharpe

CLAUDIA: O que é a verdadeira dor para vocês, literalmente, e depois, o filme?

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WILL: Eu acho que a melhor forma de responder a isso é no espírito do filme, que interroga pessoas modernas. É uma experiência pessoal de dor, dor da vida, se você quiser, mas aí o filme te coloca contra a enormidade da dor humana que foi experimentada pela História e pergunta ao público se eles podem aguentar essas duas coisas lado a lado e julgá-las independentemente ou não. O filme não te dá uma resposta perfeita. É uma pergunta complexa. Então, eu acho que seria assim que eu responderia à sua pergunta. (risos)

JENNIFER: A verdadeira dor é sobre todos os tipos de dor. É o fato de que estamos todos com dor, mas alguns são melhores em escondê-la e parecer que tudo está funcionando para eles. Outras pessoas se sentem incapazes de funcionar, mas têm vergonha de sentir que todo mundo pode ver o quão dolorosa sua vida é ou quão miseráveis ou mal-sucedidos eles se sentem. Desesperados até! Por isso, as pessoas que parecem ser capazes de parecer sem dor só estão vivendo um outro tipo de dor. Porque eu não acredito que exista uma vida real, uma vida humana, que não tenha dor.

JENNIFER: Isso tudo é válido, e a dor pequena não quer dizer que é de medida igual ao Holocausto, aquela enormidade, mas também, muitas vezes, as pessoas sentem uma certa vergonha por sentirem dor por coisas pequenas, coisas que machucam e te fazem sentir que não quer sair da cama, mas tudo é parte do que é ser humano.

CLAUDIA: Como vocês descreveriam a jornada de seus personagens e se a jornada deles impactou vocês? Para nós, vendo na tela, é impactante, só posso imaginar como foi gravar…

WILL: Bem, eu acho que para James, ele tem viajado por um tempo e, mesmo que cada grupo provavelmente seja especial em seu próprio jeito, este grupo em particular contém Benji (Culkin) e Benji é alguém que é muito direto e faz perguntas sobre a história de um jeito honesto, sem rodeios, o que afeta as próprias sensações de James sobre como ele faz o seu trabalho.

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Pessoalmente, foi a minha primeira vez na Polônia e aprendi muita história pela primeira vez. Foi uma educação para mim, particularmente quando visitamos Majdanek, o campo de concentração. Nunca estive em um campo de concentração antes e foi uma experiência muito intensa, eu diria, para todos nós. Foi uma experiência de humildade e uma que me deixou muito grato, de verdade.

JENNIFER: Na verdade, posso te fazer uma pergunta? Porque o seu personagem era alguém que estava constantemente visitando Majdanek, e você, como ator, nunca esteve lá. Como foi isso para você? Porque para mim, provavelmente foi o dia mais…

WILL: Desafiador, sim, porque eu sabia que o James teria estado lá várias vezes. Não é que ele se acostumasse a isso, mas não seria uma experiência tão raivosa e inesperada para ele como foi para mim. Tive que ser cuidadoso com isso e manejar minha própria experiência, suponho. É engraçado, eu nunca pensei nisso, porque eu estava tão ocupado sentindo sentimentos que eu nunca tinha tido antes.

JENNIFER: De repente, isso aconteceu comigo. Como você atua quando está passando por um Campo de concentração que é tão bem preservado, a ponto de você se sentir como se todo mundo tivesse acabado de sair naquela manhã? Não há sinais, não há turismo. É tão emocionante. Eu pensei: “Deus, isso deve ter sido muito difícil para você ser um cara que faz isso o tempo todo”. [Os dois respiram e Jennifer se volta para mim] Desculpe! Não lembro da pergunta! Ah! A jornada dos personagens.

CLAUDIA: Isso, e devo confessar: tive a oportunidade de fazer um tour como o do filme, mas não consegui. Não saberia lidar com a dor que sei que sentiria. Por isso perguntei para vocês como atores e também, claro, para os personagens.

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JENNIFER: Eu sou judia e uma judia que esteve em Israel, uma judia que nunca foi a um campo de concentração, por isso estava muito ansiosa. [Se volta para Will] e me lembro de falar com você, tipo, “como vai ser?”. Eu realmente queria alguém para, como uma criança, me dizer como iria ser, o que veria.

E fiquei chocada com a energia que senti no meu corpo, que não tinha nada a ver com o meu cérebro, ou nada contra o qual eu podia me defender. Foi apenas um horror inconcebível. A ideia de que isso aconteceu tão recentemente e que seres humanos fizeram isso por anos a apenas alguns quilômetros da cidade. E estar lá, em vez de ler sobre isso, ou ver em um filme, ou contar uma história, é muito diferente.

CLAUDIA: Ouvi que houve algumas improvisações nas gravações, mas não sei se é verdade. Quais as memórias mais divertidas e engraçadas que vocês têm de tudo, ao contrário da dor que estamos discutindo aqui?

WILL: Jesse nos permitiu experimentar coisas, mas na verdade não havia necessidade de improvisar. Talvez o Kieran tenha passado por isso, mas eu não sei. Havia alguns espaços, mas na verdade está tudo no script ou perto do que está lá mesmo. Foi muito claro desde o começo. E as minhas boas lembranças são as da gente tomando sorvete!

JENNIFER: Houve muitos sorvetes!

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WILL: E jantares.

JENNIFER: A verdade é que ele [Jesse] contratou pessoas muito inteligentes e realmente, genuinamente, engraçadas. Nenhum de nós foi muito pesado e senti como se estivéssemos todos rindo. Não me lembro de rir tanto como na manhã, no dia seguinte. Foi um grupo conectado, capaz de ir mais fundo.

WILL: Sim, e foi uma mensagem bem pessoal de Jesse, contada com humor para sobreviver em tempos difíceis. Isso é parte da nossa história também.

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