Poeira do deserto do Saara transporta material radioativo da Guerra Fria
Há três anos, chegou até a Europa uma nuvem de poeira do deserto do Saara, o maior deserto quente do mundo, com traços de plutônio radioativo. Desde então, uma série de investigações foi realizada para medir o risco à saúde e a possível origem do material. A conclusão é que o material não representa perigo aos humanos e que se originou dos testes com armas nucleares durante a Guerra Fria. Clique e siga o Canaltech no WhatsApp Bomba atômica pode queimar a atmosfera? O que Oppenheimer descobriu Quem criou a bomba atômica? Publicado na revista Science Advances, o estudo sobre o material radioativo presente na areia do deserto do Saara foi desenvolvido por uma equipe de cientistas europeus, vindos de diferentes centros de pesquisa. Durante a pesquisa, o grupo analisou tanto a composição mineralógica quanto a geoquímica das mais de 50 amostras de poeira da nuvem, coletadas em março de 2022. Também foram verificadas a concentração de isótopos radioativos. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Poeira do Saara e armas nucleares da Guerra Fria Uma das primeiras descobertas envolvendo a nuvem de poeira do deserto do Saara com material radioativo foi o seu local de origem: a cidade de Reggane, na Argélia. Como a França realizou testes com bombas atômicas nos anos 1960, os pesquisadores inicialmente pensaram que esta era a explicação para a areia continuar a apresentar traços de material radioativo. Estudo descobre origem de poeira radioativa que veio do deserto do Saara e que está ligada à Guerra Fria (Imagem: Reprodução/Universidad de Oviedo) Entretanto, essa não é a verdadeira explicação. Isso porque as armas nucleares francesas produziam uma proporção de isótopos de plutônio diferente daquela observada nas amostras da grande nuvem de poeira do Saara. Por outro lado, os dados coincidiam com o sinal de radiação gerado pelos testes nucleares realizados pela União Soviética e pelos Estados Unidos, durante as décadas de 1950 e 1960, em diferentes pontos do globo. De fato, nem os EUA e nem a URSS realizaram testes com bombas nucleares naquele ponto do Saara, mas a principal hipótese é que devido à elevada capacidade de detonação destas armas o impacto tenha sido maior do que o imunizado. Inevitavelmente, isso acabou contaminando a região distante. O vento pode ter contribuído com a dispersão também. Peoria radioativa do deserto do Saara afeta a saúde? Apesar da existência de pequenos níveis de radiação na poeira do Saara que chegou até a Europa, os pesquisadores explicam que o nível de radioativo é bem abaixo dos limites de segurança da União Europeia. "Nosso trabalho mostra que o material radioativo transportado durante esse episódio de neblina não representou nenhum risco à saúde humana", reforça Germán Orizaola, professor da Universidade de Oviedo (Espanha) e autor do estudo, em nota. As descobertas do estudo apenas reforçam que os impactos dos testes com bombas nucleares vão muito além do que a explosão. Outra pesquisa recentemente descobriu a marca desses “experimentos” no casco de tartarugas. Leia mais: Inmet divulga novo alerta laranja de chuvas intensas; confira áreas afetadas Micróbios descobertos na Amazônia podem influenciar mudanças climáticas Você sabia que o rio Amazonas já correu ao contrário? Entenda por quê VÍDEO: Como funciona a bomba atômica? Leia a matéria no Canaltech.
Há três anos, chegou até a Europa uma nuvem de poeira do deserto do Saara, o maior deserto quente do mundo, com traços de plutônio radioativo. Desde então, uma série de investigações foi realizada para medir o risco à saúde e a possível origem do material. A conclusão é que o material não representa perigo aos humanos e que se originou dos testes com armas nucleares durante a Guerra Fria.
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- Quem criou a bomba atômica?
Publicado na revista Science Advances, o estudo sobre o material radioativo presente na areia do deserto do Saara foi desenvolvido por uma equipe de cientistas europeus, vindos de diferentes centros de pesquisa.
Durante a pesquisa, o grupo analisou tanto a composição mineralógica quanto a geoquímica das mais de 50 amostras de poeira da nuvem, coletadas em março de 2022. Também foram verificadas a concentração de isótopos radioativos.
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Poeira do Saara e armas nucleares da Guerra Fria
Uma das primeiras descobertas envolvendo a nuvem de poeira do deserto do Saara com material radioativo foi o seu local de origem: a cidade de Reggane, na Argélia.
Como a França realizou testes com bombas atômicas nos anos 1960, os pesquisadores inicialmente pensaram que esta era a explicação para a areia continuar a apresentar traços de material radioativo.
Entretanto, essa não é a verdadeira explicação. Isso porque as armas nucleares francesas produziam uma proporção de isótopos de plutônio diferente daquela observada nas amostras da grande nuvem de poeira do Saara.
Por outro lado, os dados coincidiam com o sinal de radiação gerado pelos testes nucleares realizados pela União Soviética e pelos Estados Unidos, durante as décadas de 1950 e 1960, em diferentes pontos do globo.
De fato, nem os EUA e nem a URSS realizaram testes com bombas nucleares naquele ponto do Saara, mas a principal hipótese é que devido à elevada capacidade de detonação destas armas o impacto tenha sido maior do que o imunizado. Inevitavelmente, isso acabou contaminando a região distante. O vento pode ter contribuído com a dispersão também.
Peoria radioativa do deserto do Saara afeta a saúde?
Apesar da existência de pequenos níveis de radiação na poeira do Saara que chegou até a Europa, os pesquisadores explicam que o nível de radioativo é bem abaixo dos limites de segurança da União Europeia.
"Nosso trabalho mostra que o material radioativo transportado durante esse episódio de neblina não representou nenhum risco à saúde humana", reforça Germán Orizaola, professor da Universidade de Oviedo (Espanha) e autor do estudo, em nota.
As descobertas do estudo apenas reforçam que os impactos dos testes com bombas nucleares vão muito além do que a explosão. Outra pesquisa recentemente descobriu a marca desses “experimentos” no casco de tartarugas.
Leia mais:
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VÍDEO: Como funciona a bomba atômica?
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