Linx: só Totvs e Constellation seguem na corrida
A Totvs, maior empresa de software de gestão do Brasil, e a Constellation, um fundo de investimento canadense especializado em empresas de software, estão disputando para ver quem compra a Linx, empresa de software de gestão com foco no varejo. Segundo revela o Valor Econô...
A Totvs, maior empresa de software de gestão do Brasil, e a Constellation, um fundo de investimento canadense especializado em empresas de software, estão disputando para ver quem compra a Linx, empresa de software de gestão com foco no varejo.
Segundo revela o Valor Econômico, as propostas recebidas vão de R$ 3 bilhões a R$ 4,25 bilhões.
O jornal não chega a dizer quem ofereceu o que, mas em qualquer caso já fica registrado que a Linx perdeu muito valor desde que foi adquirida pela empresa de pagamentos Stone em 2020.
Na época, a Stone brigou por meses com a Totvs, para acabar ganhando a parada com uma oferta de R$ 6,7 bilhões. A integração não deu certo e a Stone decidiu colocar a Linx a venda em setembro do ano passado.
Desde então, surgiram especulações sobre possíveis interessados, incluindo a gigante de e-commerce Mercado Livre e grandes fundos de investimento, mas sempre foi claro que a favorita era a Totvs.
Os motivos são óbvios, começando pelo fato da Totvs já ter tentado comprar a Linx e a complementaridade óbvia das soluções da empresas, uma vez que a Totvs nunca foi especialmente forte no nicho de varejo.
Por outro lado, analistas apontam que justamente por não ter tanta sobreposição de mercado com a Linx a Totvs poderia entrar na disputa de “sangue doce”, digamos.
Um argumento na direção contrária é que uma Linx turbinada poderia disputar com a Totvs aquisições de empresas menores no mercado. Tanto a Linx e a Totvs são conhecidas por fechar compras em série.
Para entender melhor qual dos argumentos é o correto, é preciso entender melhor quem é a Constellation, uma empresa muito menos conhecida no Brasil do que a Totvs, mas que não é nenhuma novata.
No mercado desde 1995 e com sede em Toronto, o grupo Constellation Software conta com mais mil negócios de software adquiridos em seu portfólio. A receita total gira em torno de US$ 4 bilhões.
O modelo de negócio é adquirir companhias de software de nicho, visando ter ganho de escala cortando custos com a centralização de atividades de backoffice e promovendo vendas cruzadas.
No Brasil, a Constellation começou a fazer aquisições em 2019, parecendo apostar em empresas com um perfil comum de expertise nas particularidades jurídicas e tributárias do país.
Já foram feitas cerca de 20 compras, uma lista que nos últimos tempos também inclui empresas com software empresarial como a carioca MXM Sistemas, um player médio de ERP, e a Metadados, uma fornecedora gaúcha de software de folha de pagamentos.
A Constellation tem portanto uma proposta de negócios na qual comprar a Linx faz sentido.
O ponto de interrogação fica só no valor. A empresa nunca abriu o valor de uma compra no Brasil, mas com grande probabilidade nenhuma delas fica muito acima dos R$ 100 milhões e certamente nenhuma chega na casa do bilhão de reais.
Uma compra como a Linx seria um ponto muito fora da curva, e fica a dúvida se a Constellation teria as condições de bancar uma disputa com a Totvs pelo ativo.