Agência dos EUA autoriza transplantes de rim de porco para humanos em estudo

Nos Estados Unidos, todos os xenotransplantes (transplantes de órgãos entre espécies diferentes) somente envolveram pacientes humanos sem nenhuma outra alternativa, mas isso deve mudar em breve. Pela primeira vez na história, a agência Food and Drug Administration (FDA) autorizou estudo clínico para avaliar a eficácia e a segurança dos transplantes de rim de porco geneticamente editado para pacientes com graves problemas renais. Isso está longe de ser uma liberação geral.  Clique e siga o Canaltech no WhatsApp Como é feito o transplante de órgãos entre espécies diferentes Como é feito o transplante de coração? Antes da decisão da agência dos EUA, menos de 10 pessoas já tinham passado por um xenotransplante, e isso somente ocorria após uma revisão do quadro e com licenças bastante específicas. Para cada possível paciente, era preciso obter uma licença individual para a técnica classificada como experimental.    Neste seleto grupo de pessoas transplantadas, está Towana Looney, de 53 anos, que vive há mais de dois meses com o rim de porco, sem rejeição. A paciente é exceção, já que a maioria dos pacientes não obteve uma sobrevida tão longa. De forma paralela, transplantes de coração de porco para humanos também foram feitos. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Transplante de rim de porco para humanos Com o aval positivo para o estudo clínico, os processos vão mudar. A empresa United Therapeutics Corporation recebeu autorização para recrutar seis pacientes com problemas de saúde e que realizam hemodiálise (procedimento no qual uma máquina filtra e limpa o sangue, ajudando o rim) há pelo menos seis meses. Se este resultado inicial for positivo, outros 50 pacientes poderão ser recrutados. A previsão é que a primeira etapa comece ainda neste ano. Na validação dos xenotransplantes, a United Therapeutics Corporation não está sozinha. A empresa eGenesis também obteve aval para organizar um estudo clínico próprio, sendo que este deve começar com três pacientes com problemas renais. Aqui, vale observar que um dos médicos (que já realizou um transplante do tipo a partir da organização) é o brasileiro Leonardo Riella.  Como é a edição genética dos órgãos de porco? Para o transplante, não basta pegar o órgão suíno e transplantá-lo diretamente no corpo humano. Se isso fosse feito, a rejeição é mortal, mesmo com os remédios imunossupressores normalmente prescritos. É necessário que o rim passe por edição genética, usando o método CRISPR. No caso dos rins produzidos pela United Therapeutics, são 10 grandes edições genéticas para aumentar a segurança da cirurgia. Nesta conta, entram seis adições de genes humanos e  inativação de quatro genes suínos. Entre elas, um restringe o crescimento indesejado do órgão.  Em relação à eGenesis, são realizados três grandes grupos de edição genética. Inicialmente, são eliminados três genes do porco e outros sete genes humanos são adicionados, o que busca reduzir a rejeição. Além disso, são inativados os retrovírus endógenos no genoma suíno, algo que poderia causar complicações desconhecidas. Zerar a fila de espera por transplantes? “Nosso objetivo é aumentar a disponibilidade de órgãos transplantáveis ​​para oferecer uma alternativa terapêutica a [pacientes que passarão] uma vida inteira em diálise”, afirma Leigh Peterson, vice-presidente executivo da United Therapeutics, em nota. Hoje, um dos grandes desafios na área da saúde é justamente essa falta de alternativas, já que há uma longa fila para transplantes de órgãos. No Brasil, mais de 40 mil pessoas aguardam por um rim saudável, segundo o Ministério da Saúde. Conforme os novos estudos avançarem nos EUA, é possível que os xenotransplante se tornem uma alternativa acessível no futuro. Inclusive, equipes brasileiras trabalham com a possibilidade de começarem experimentos do tipo no país. Leia mais: Cientistas criam minicérebros com células de idosos supercentenários Hurkle-durkle: saiba se você também é adepto da tendência da preguicinha O que é calistenia? Saiba como funciona o treino com peso do corpo e barras VÍDEO: Descubra por que não podemos comer ou beber antes de cirurgia com anestesia geral   Leia a matéria no Canaltech.

Fev 5, 2025 - 08:35
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Agência dos EUA autoriza transplantes de rim de porco para humanos em estudo

Nos Estados Unidos, todos os xenotransplantes (transplantes de órgãos entre espécies diferentes) somente envolveram pacientes humanos sem nenhuma outra alternativa, mas isso deve mudar em breve. Pela primeira vez na história, a agência Food and Drug Administration (FDA) autorizou estudo clínico para avaliar a eficácia e a segurança dos transplantes de rim de porco geneticamente editado para pacientes com graves problemas renais. Isso está longe de ser uma liberação geral. 

Antes da decisão da agência dos EUA, menos de 10 pessoas já tinham passado por um xenotransplante, e isso somente ocorria após uma revisão do quadro e com licenças bastante específicas. Para cada possível paciente, era preciso obter uma licença individual para a técnica classificada como experimental

 

Neste seleto grupo de pessoas transplantadas, está Towana Looney, de 53 anos, que vive há mais de dois meses com o rim de porco, sem rejeição. A paciente é exceção, já que a maioria dos pacientes não obteve uma sobrevida tão longa. De forma paralela, transplantes de coração de porco para humanos também foram feitos.

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Transplante de rim de porco para humanos

Com o aval positivo para o estudo clínico, os processos vão mudar. A empresa United Therapeutics Corporation recebeu autorização para recrutar seis pacientes com problemas de saúde e que realizam hemodiálise (procedimento no qual uma máquina filtra e limpa o sangue, ajudando o rim) há pelo menos seis meses. Se este resultado inicial for positivo, outros 50 pacientes poderão ser recrutados. A previsão é que a primeira etapa comece ainda neste ano.

Na validação dos xenotransplantes, a United Therapeutics Corporation não está sozinha. A empresa eGenesis também obteve aval para organizar um estudo clínico próprio, sendo que este deve começar com três pacientes com problemas renais. Aqui, vale observar que um dos médicos (que já realizou um transplante do tipo a partir da organização) é o brasileiro Leonardo Riella

Como é a edição genética dos órgãos de porco?

Para o transplante, não basta pegar o órgão suíno e transplantá-lo diretamente no corpo humano. Se isso fosse feito, a rejeição é mortal, mesmo com os remédios imunossupressores normalmente prescritos. É necessário que o rim passe por edição genética, usando o método CRISPR.

No caso dos rins produzidos pela United Therapeutics, são 10 grandes edições genéticas para aumentar a segurança da cirurgia. Nesta conta, entram seis adições de genes humanos e  inativação de quatro genes suínos. Entre elas, um restringe o crescimento indesejado do órgão. 

Em relação à eGenesis, são realizados três grandes grupos de edição genética. Inicialmente, são eliminados três genes do porco e outros sete genes humanos são adicionados, o que busca reduzir a rejeição. Além disso, são inativados os retrovírus endógenos no genoma suíno, algo que poderia causar complicações desconhecidas.

Zerar a fila de espera por transplantes?

“Nosso objetivo é aumentar a disponibilidade de órgãos transplantáveis ​​para oferecer uma alternativa terapêutica a [pacientes que passarão] uma vida inteira em diálise”, afirma Leigh Peterson, vice-presidente executivo da United Therapeutics, em nota.

Hoje, um dos grandes desafios na área da saúde é justamente essa falta de alternativas, já que há uma longa fila para transplantes de órgãos. No Brasil, mais de 40 mil pessoas aguardam por um rim saudável, segundo o Ministério da Saúde.

Conforme os novos estudos avançarem nos EUA, é possível que os xenotransplante se tornem uma alternativa acessível no futuro. Inclusive, equipes brasileiras trabalham com a possibilidade de começarem experimentos do tipo no país.

Leia mais:

VÍDEO: Descubra por que não podemos comer ou beber antes de cirurgia com anestesia geral

 

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