Relatório releva o lado B do Barão do Rio Branco

Um relatório de 45 páginas, redigido no início dos anos 1940 e até hoje inédito, traz uma preciosa apresentação da marginália (as anotações feitas na margem dos livros) do Barão do Rio Branco (1845-1912), o patrono da diplomacia brasileira. Na piauí deste mês, Cristiane Costa e Luís Cláudio Villafañe G. Santos escrevem sobre o relatório feito por João Guilherme Fisher, que trabalhou como auxiliar no gabinete de Rio Branco entre 1909 e 1911. Homem de ampla cultura, o chanceler que ajudou a definir as fronteiras do Brasil possuía uma coleção privada de mais de 6 mil livros, muitos deles raros e de grande valor, além de relatórios e mapas históricos. Suas leituras e anotações foram essenciais para seu sucesso nas arbitragens sobre a região de Palmas – a Oeste dos estados de Santa Catarina e Paraná, disputado com a Argentina –  e sobre o Amapá – disputado com a França. As duas defesas feitas pelo barão são consideradas monumentos de erudição histórica, geográfica e jurídica. Nas negociações de limites com Uruguai, Bolívia, Peru, Colômbia e com as capitais europeias das até então Guianas – francesa, holandesa e inglesa, também foi decisivo o seu vasto conhecimento sobre os temas em disputa. The post Relatório releva o lado B do Barão do Rio Branco first appeared on revista piauí.

Jan 20, 2025 - 01:06
Relatório releva o lado B do Barão do Rio Branco

Um relatório de 45 páginas, redigido no início dos anos 1940 e até hoje inédito, traz uma preciosa apresentação da marginália (as anotações feitas na margem dos livros) do Barão do Rio Branco (1845-1912), o patrono da diplomacia brasileira. Na piauí deste mês, Cristiane Costa e Luís Cláudio Villafañe G. Santos escrevem sobre o relatório feito por João Guilherme Fisher, que trabalhou como auxiliar no gabinete de Rio Branco entre 1909 e 1911.

Homem de ampla cultura, o chanceler que ajudou a definir as fronteiras do Brasil possuía uma coleção privada de mais de 6 mil livros, muitos deles raros e de grande valor, além de relatórios e mapas históricos. Suas leituras e anotações foram essenciais para seu sucesso nas arbitragens sobre a região de Palmas – a Oeste dos estados de Santa Catarina e Paraná, disputado com a Argentina –  e sobre o Amapá – disputado com a França. As duas defesas feitas pelo barão são consideradas monumentos de erudição histórica, geográfica e jurídica. Nas negociações de limites com Uruguai, Bolívia, Peru, Colômbia e com as capitais europeias das até então Guianas – francesa, holandesa e inglesa, também foi decisivo o seu vasto conhecimento sobre os temas em disputa.

Fisher diz no relatório sobre a marginália ter consultado na biblioteca de Rio Branco 670 obras em 1 076 volumes, contendo 22 379 páginas anotadas, acrescidas de 470 notas coladas e 245 soltas. “É de lamentar que muitas das anotações [do barão] tenham sido mutiladas na encadernação ou estragadas pelos vermes, que continuarão a sua obra de destruição”, queixa-se.

 

O relatório traz o lado B do Barão do Rio Branco. A partir das notas de leitura  nas margens dos livros, Fischer traça um retrato saboroso de chanceler, descrevendo seus hábitos, manias, vícios e idiossincrasias. Conta ainda sobre as farpas lançadas pelo chanceler contra seus desafetos intelectuais, que às vezes ganhavam, além de comentários venenosos, caricaturas desenhadas a bico de pena nas páginas dos livros. Também não faltam indiscrições no relatório, o que leva a pensar que talvez seja esse o motivo de não ter ganhado uma edição até agora.

Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.

The post Relatório releva o lado B do Barão do Rio Branco first appeared on revista piauí.

Este site usa cookies. Ao continuar a navegar no site, você concorda com o nosso uso de cookies.