Quem é a Mulher Que Vai Comandar o Agro dos EUA para Trump

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Conheça Brooke Rollins, que sai do Texas para o número 1.400 da Independence Avenue, em Washington, onde está a sede do Departamento de Agricultura do país O post Quem é a Mulher Que Vai Comandar o Agro dos EUA para Trump apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Jan 20, 2025 - 10:04
Quem é a Mulher Que Vai Comandar o Agro dos EUA para Trump

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

A partir desta segunda, o Jamie L. Whitten Building, localizado no número 1.400 da Independence Avenue, em Washington, será o novo endereço de trabalho da advogada de 52 anos, Brooke Rollins, até agora residente em Fort Worth, no Texas. É essa mulher que Donald Trump (78 anos), que pela segunda vez assume nesta segunda-feira (20) o mandato de presidente dos EUA, escolheu para ser a sua secretária de agricultura.

Rollins vai comandar o poderoso USDA (sigla para Departamento de Agricultura dos EUA), um complexo com cerca de 4.500 locais para suas operações no país e no exterior, empregando cerca de 100 mil funcionários. Para ter uma ideia de sua extensão, somente no Brasil o USDA mantém três escritórios: o Office of Agricultural Affairs (OAA), na embaixada do país, em Brasília; o Animal and Plant Health Inspection Service (APHIS), também na capital federal; e o Agricultural Trade Office (ATO), para a promoção de sua agroindústria, no consulado geral em São Paulo.

O nome de Rollins não estava nas primeiras listas cogitadas para o cargo logo que Trump foi dado como vencedor das eleições, em 6 de novembro do ano passado. Dias depois, dois nomes eram cotados para substituir Tom Vilsack, o nomeado de Joe Biden: Sidney Carroll Miller, comissário de agricultura do Texas, cargo que ocupa desde janeiro de 2015, e Kip Tom, um produtor de milho e soja de Indiana.

No Texas, Rollins sempre esteve ligada ao agro. Ela viveu em uma fazenda em Glen Rose, de 3 mil habitantes, a cerca de 80 quilômetros de Fort Worth. Nos verões, seguia com a família para Minnesota, onde cultivavam milho, batata e soja. Foi no Texas que cursou a A&M University, de onde saiu com diploma em desenvolvimento agrícola em 1994.

Ela passou por escritórios de advocacia, como o Hughes & Luce LLP, em Dallas, e foi assessora do ex-governador do Texas, Rick Perry, atuando como vice-conselheira geral, assessora de ética e diretora de políticas. Até 2003 foi presidente e CEO da Texas Public Policy Foundation, um think tank conservador,. Mas a visibilidade política maior veio com a criação do America First Policy Institute, um think tank alinhado com Trump.

Mas a visibilidade política veio com a criação do America First Policy Institute, um think tank que financia candidatos trumpistas e a agenda pró-EUA, e que a levou à chefia da política interna na Casa Branca durante seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021. Nos EUA, os cargos são repassados todo 20 de janeiro de cada mandato, e não no dia 1, como ocorre no Brasil.

Rollins é vista como uma liderança apoiadora dos agricultores americanos e uma defensora da autossuficiência alimentar dos EUA. Daí suas posições visando revitalizar as pequenas comunidades agrícolas. Entre os desafios que enfrentará à frente do USDA estão o aumento dos custos para os produtores locais e as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China. Durante a campanha, Trump prometeu à Federação Americana de Bureau de Agricultura (AFBF) combater barreiras comerciais consideradas “injustas”.

No início deste mês, logo que seu nome foi anunciado, uma coalizão de cerca de 400 grupos de fazendas e produtores rurais enviaram uma carta aos líderes do Senado pedindo sua rápida confirmação, uma praxe do país para os secretários que devem ser aprovados. A carta destacava o conhecimento de Rollins sobre o agro e sua experiência em política e negócios.

O Que é o Agro nos EUA

O agronegócio nos EUA é um componente vital da economia do país. Em 2023, que são os dados mais recentes disponíveis, os setores de agricultura, pecuária, alimentos e as agroindústrias contribuíram com cerca de US$ 1,537 trilhão para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, representando 5,5% do total. Especificamente, as fazendas americanas contribuíram com US$ 222,3 bilhões, cerca de 0,8% do PIB.

O setor emprega 22,1 milhões de pessoas, ou 10,4% do total de empregos nos EUA. Destes, cerca de 2,6 milhões são empregos diretos em fazendas, representando 1,2% do emprego total no país. Os dados de 2023, mostram que há no país 1,89 milhão de propriedades rurais, uma redução de 7% em relação aos 2,04 milhões registrados no Censo Agrícola de 2017. A área total de terras agrícolas também apresentou uma tendência de queda, totalizando 356 milhões de hectares em 2023, comparados a 365 milhões em 2017.

E há uma preocupação no setor, com alarme aceso. A idade média dos produtores rurais nos EUA tem aumentado, indicando um envelhecimento da população agrícola. Em 2022, quase 40% deles tinham 65 anos ou mais, um aumento em relação aos 33% registrados em 2017. O agro lá é predominantemente familiar. Cerca de 95% dos negócios são familiares, representando 84% das terras agrícolas do país. O tamanho médio das fazendas fica próximo de 190 hectares, sendo que as pequenas propriedades com até 72 hectares representam 70,1%no total.

Milho e soja em grãos, trigo e algodão são as principais commodities cultivadas, mais as carnes, segundo o USDA. O “Corn Belt” (Cinturão do Milho) é a principal região produtora, abrangendo estados como Iowa, Illinois, Indiana, Nebraska, Minnesota e Ohio. O trigo está nas grandes planícies do Kansas, Oklahoma e Texas, e mais ao norte, em Dakota do Norte, Montana e Minnesota.

No caso da carne bovina, os principais estados produtores incluem Texas, Nebraska, Kansas, Califórnia e Oklahoma, em grandes operações de criação e engorda em confinamento. A criação de suínos se concentra em Iowa (maior produtor), Carolina do Norte, Minnesota, Illinois e Indiana. Iowa, em particular, é o maior produtor de suínos do país. E o frango é criado no sudeste, como os estados da Geórgia, Arkansas, Alabama, Carolina do Norte e Mississippi.

No comércio agrícola, entre 2013 e 2023, as exportações dos EUA cresceram a uma taxa anual composta de 2,1%, enquanto as importações aumentaram 5,8% no mesmo período. Em 2023, os principais parceiros comerciais agrícolas dos EUA incluíam China, México, Canadá, União Europeia e Japão.

O comércio agrícola entre o Brasil e os Estados Unidos ainda não está no topo da lista para eles, mas para o mercado interno ele é importante e vem crescendo nos últimos anos. Em 2024, as vendas brasileiras para os EUA foram recorde. Elas chegaram a US$ 40,3 bilhões, um crescimento de 9,2% ante 2023. Entre os principais produtos exportados estão carne bovina, café e suco de laranja.

O post Quem é a Mulher Que Vai Comandar o Agro dos EUA para Trump apareceu primeiro em Forbes Brasil.