O apartamento minimalista de André Carvalhal

Você já parou para repensar o seu jeito de morar? Para o escritor e consultor André Carvalhal, essa transformação no modo de viver teve início na pandemia, quando, por conta de todo o contexto da época, ele decidiu se mudar temporariamente para a casa de sua mãe para ajudá-la no dia a dia. Levando apenas algumas malas, ele entregou o seu antigo apartamento alugado, onde vivia cercado de objetos, pertences, roupas e referências, e por longos meses ocupou o seu quarto de adolescente. Este foi um primeiro convite a refletir sobre tudo o que possuía até então: “A sensação de ter que me mudar rápido, desapegar das coisas, destiná-las e levar o que precisava para a casa da minha mãe foi o que me deu a noção da quantidade de coisas que eu guardava e que não tinham o menor sentido”, ele lembra.

Foi também nessa época que, confinado dentro de casa, André passou a produzir mais conteúdo para suas redes sociais, mergulhando ainda mais nos temas sustentabilidade, tendências e propósito. Em paralelo, ele navegava por sites de imobiliárias procurando sua próxima morada, que dessa vez seria um imóvel próprio. Quando por fim encontrou o lugar que parecia ideal, ele mesmo criou um projeto inicial de reforma e fez questão de levar o seu arquiteto e amigo Thiago Tavares, do escritório Tadu Arquitetura, na primeira visita para confirmar o veredito: o espaço tinha mesmo potencial!

Para o novo lar, André sentiu a necessidade de criar algo diferente, que fosse como um respiro, com menos informações e estímulos. “Hoje eu vivo muito imerso na rede social, então era como se eu precisasse que a minha casa fosse o contraponto disso”, conta. Na reforma, a escolha pelo minimalismo estético foi aplicada de maneira consciente e cuidadosa: o uso de um só piso e uma só cor nas paredes, por exemplo, é uma medida que evita a sobra de materiais, enquanto detalhes charmosos da arquitetura, como as paredes curvadas, e a presença de muitas plantas se tornaram fundamentais para dar mais personalidade ao projeto.

A vontade de prezar pelo essencial reflete também o momento de vida do morador: após muitos anos trabalhando com marketing e consultoria para marcas, ele experimenta uma nova fase de sua carreira, mais dedicada à produção de conteúdo autoral, seja por meio de seus livros ou nas redes sociais. Em sua rotina, os dias se tornaram mais simples, com bastante tempo dedicado à leitura, à escrita e à prática de atividades físicas. E em sua casa, ele questiona a relação com o consumo para além das compras conscientes: o que precisou ser comprado, foi feito priorizando marcas independentes e autorais ou objetos de segunda mão, mas afinal, nem todos os espaços precisavam ser preenchidos, então por que não experimentar uma vida com menos coisas?

Outro ponto de reflexão está na forma de explorar a casa como uma ferramenta de autoconhecimento, buscando separar as próprias necessidades, gostos e desejos daquelas criadas pelo mercado: “Com a pandemia, o estar em casa e o trabalhar em casa deram o tom de muitas transformações e o mercado se aproveitou disso com uma onda de fast homewear. Você quer trocar a decoração? Beleza, compra tudo do zero e daqui a 6 meses compra de novo. Eu acho que isso é muito perigoso”, explica, defendendo um consumo com mais critério, que preze pela longevidade e qualidade dos produtos.

Na rotina, o apartamento com menos estímulos facilita sua conexão com os pequenos momentos: a yoga matinal, o cuidado com as plantas, o tempo dedicado às redes sociais durante o café da manhã ou as tardes no escritório, onde trabalha em frente a uma estante repleta de livros.

A localização do apê também é estratégica: ele está perto da praia, da floresta e da montanha, elementos que fazem parte da vista de sua janela e podem ser acessados a pé – algo que impacta diretamente sua qualidade de vida.

Em seu primeiro apartamento próprio, André construiu um lar com cuidado e atenção em cada detalhe: da reforma, que começou como um ansioso rascunho antes mesmo da primeira visita, às escolhas conscientes sobre o que realmente merecia entrar porta adentro. Cada decisão reflete seu jeito de ser e cria um espaço onde ele se sente plenamente representado e em harmonia com sua rotina.

Em um mundo repleto de estímulos, valorizar o essencial transformou sua casa em um verdadeiro refúgio de descanso e acolhimento.

Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Felco

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