Isso é um pouco de exagero ou 10 considerações sobre Guerra do Velho, de John Scalzi
O blog Listas Literárias leu Guerra do Velho, de John Scalzi publicado pela editora Aleph; Confira neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro. Além disso, aproveite os vídeos abaixo para acompanhar os diários de leitura, onde o livro é apresentado capítulo por capítulo:1 - Assumidamente inspirado em Tropas estelares, de Robert A. Heinlen, Guerra do Velho é uma alucinada e fantástica narrativa de Ficção Científica entregando-nos o que há de melhor no gênero. Ambientado em um futuro em que as viagens espaciais são uma realidade e os humanos colonizam o universo com toda a sua vontade de entrar em conflito com outras raças alienígenas, para além da guerra nas estrelas apresentada, o romance especula todas as possibilidades da biotecnologia através de avanços para lá de significativos;2 - O livro é narrado por John Perry, um terráqueo que assim como todos os outros alistou-se às Forças Coloniais de Defesa ao completar 75 anos. Esse é o padrão do sistema mantenedor da colonização humana universo afora. Viúvo ainda apaixonado pela falecida esposa, Perry de certa forma da um salto de fé ao se recrutar, já que na terra, o que os velhos possuem não é nada mais do que rumores acerca das tecnologias das Forças Colonias de Defesa e o sonho com a possibilitade de esticar um pouco mais a vida, ainda que a serviço de militares no hostil universo em que a colonização espacial faz travar várias guerras;3 - A primeira parte do livro concentra-se justamente nos primeiros passos de Perry e outros velhos durante o recrutamento. Os velhinhos nada mais têm que hipóteses de como poderão atuar no exército e que tipo de melhorias seus corpos receberão para tal. Entretanto, que outras escolhas eles têm? Certamente é mais fácil seguir esse caminho do que a certeza da morte iminente. Assim, os primeiros capítulos dão conta da travessia desses velhos pelo respectivo processo de melhoria genética, deixando a terra e indo até o espaço. Nesses primeiros passos, Perry, faz amigos e alguns desafetos, sempre com seu olhar irônico e sarcástico;4 - Quando, enfim revela-se a tecnologia utilizada pelas Forças Coloniais de Defesa, é um primor do pensamento da ficção especulativa, já que a narrativa parte do imaginável e do inimaginável das possibilidades biotecnológicas, da senciência e dos dados. Logicamente tudo se dá um pouco diferente do que esperavam os recrutas velhos, contudo, o resultado final dá no mesmo, seus corpos estão renovados e melhorados para poderem atuar como militares das Forças Coloniais de Defesa, não que isso seja grande coisa, já que a taxa de mortalidade entre os soldados é gigantesca;5 - E aqui já podemos abrir um ponto importante de reflexão. É extremamente interessante como a narrativa em sua potencialidade especulativa reverbera nosso presente pós-moderno. Toda a tecnologia das Forças Coloniais de Defesa desconstituem o humano para transformá-lo no produto. Cada tecnologia utilizada nas melhorias são marcas patenteadas da União Colonial de modo que os corpos humanos são transformados em produtos e ainda que John Perry e seus colegas não se atentem a isso, é o que acabam se tornando, produtos constituídos de um amálgama de produtos licenciados pela União Colonial detentora da tecnologia tão bem-vinda no sentido de potencializar o corpo humano; 6 - Passado o processo de melhorias com direito a eventos catárticos e carnavalescos, a segunda parte do livro é dedicada ao treinamento e preparação de John Perry e os outros recrutas, já melhorados para o trabalho militar. Aqui ressoam todos os clichês das narrativas militares, mesmo quando a narrativa brinca e questiona os clichês, afinal, o trabalho nas Forças de Defesa Colonial é bem distinto do trabalho militar na Terra. Aliás, no decorrer da formação fica bem claro o quão fudamentla é deixar para traz a experiência na Terra e os perigos de não o fazer;7 - Nesta parte também, a despeito da compartição de informações que possuem os soldados, passamos a compreender melhor e mesmo a ficar com um pé atrás com a política da União Colonial. Há muitas lacunas em questão, Perry vez ou outra as nota, mas nada de se aprofundar nas ações das Forças de Defesa Colonial. E que o faz, ou tenta, acaba tendo tristes desfechos. O fato é que as Forças de Defesa Colonial são o exército mantido pelos humanos para as defesas das colônias humanas no espaço. A colonzação é tarefa hostil e embora não declarada, perceberemos, terá relação com comércio e poder, ou seja, reproduzindo de certa forma a história humana;8 - De certa forma é isso, o livro parte da natureza humana, inclusive questionável, de colonizar outras terras em busca de mais recursos e espaço para viver. Nada mais eurocêntrico, aliás, mesmo numa narrativa norte-americana. A ideia de colonizar o outro nos é conhecida justamente por meio dos europeus que há séculos o fazem e pelo jeito transmitiram essa postura aos norte-americanos que não raro sonham em ser os próximos colonizadores. No romance é o que o fa
O blog Listas Literárias leu Guerra do Velho, de John Scalzi publicado pela editora Aleph; Confira neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro. Além disso, aproveite os vídeos abaixo para acompanhar os diários de leitura, onde o livro é apresentado capítulo por capítulo:
1 - Assumidamente inspirado em Tropas estelares, de Robert A. Heinlen, Guerra do Velho é uma alucinada e fantástica narrativa de Ficção Científica entregando-nos o que há de melhor no gênero. Ambientado em um futuro em que as viagens espaciais são uma realidade e os humanos colonizam o universo com toda a sua vontade de entrar em conflito com outras raças alienígenas, para além da guerra nas estrelas apresentada, o romance especula todas as possibilidades da biotecnologia através de avanços para lá de significativos;
2 - O livro é narrado por John Perry, um terráqueo que assim como todos os outros alistou-se às Forças Coloniais de Defesa ao completar 75 anos. Esse é o padrão do sistema mantenedor da colonização humana universo afora. Viúvo ainda apaixonado pela falecida esposa, Perry de certa forma da um salto de fé ao se recrutar, já que na terra, o que os velhos possuem não é nada mais do que rumores acerca das tecnologias das Forças Colonias de Defesa e o sonho com a possibilitade de esticar um pouco mais a vida, ainda que a serviço de militares no hostil universo em que a colonização espacial faz travar várias guerras;
3 - A primeira parte do livro concentra-se justamente nos primeiros passos de Perry e outros velhos durante o recrutamento. Os velhinhos nada mais têm que hipóteses de como poderão atuar no exército e que tipo de melhorias seus corpos receberão para tal. Entretanto, que outras escolhas eles têm? Certamente é mais fácil seguir esse caminho do que a certeza da morte iminente. Assim, os primeiros capítulos dão conta da travessia desses velhos pelo respectivo processo de melhoria genética, deixando a terra e indo até o espaço. Nesses primeiros passos, Perry, faz amigos e alguns desafetos, sempre com seu olhar irônico e sarcástico;
4 - Quando, enfim revela-se a tecnologia utilizada pelas Forças Coloniais de Defesa, é um primor do pensamento da ficção especulativa, já que a narrativa parte do imaginável e do inimaginável das possibilidades biotecnológicas, da senciência e dos dados. Logicamente tudo se dá um pouco diferente do que esperavam os recrutas velhos, contudo, o resultado final dá no mesmo, seus corpos estão renovados e melhorados para poderem atuar como militares das Forças Coloniais de Defesa, não que isso seja grande coisa, já que a taxa de mortalidade entre os soldados é gigantesca;
5 - E aqui já podemos abrir um ponto importante de reflexão. É extremamente interessante como a narrativa em sua potencialidade especulativa reverbera nosso presente pós-moderno. Toda a tecnologia das Forças Coloniais de Defesa desconstituem o humano para transformá-lo no produto. Cada tecnologia utilizada nas melhorias são marcas patenteadas da União Colonial de modo que os corpos humanos são transformados em produtos e ainda que John Perry e seus colegas não se atentem a isso, é o que acabam se tornando, produtos constituídos de um amálgama de produtos licenciados pela União Colonial detentora da tecnologia tão bem-vinda no sentido de potencializar o corpo humano;
6 - Passado o processo de melhorias com direito a eventos catárticos e carnavalescos, a segunda parte do livro é dedicada ao treinamento e preparação de John Perry e os outros recrutas, já melhorados para o trabalho militar. Aqui ressoam todos os clichês das narrativas militares, mesmo quando a narrativa brinca e questiona os clichês, afinal, o trabalho nas Forças de Defesa Colonial é bem distinto do trabalho militar na Terra. Aliás, no decorrer da formação fica bem claro o quão fudamentla é deixar para traz a experiência na Terra e os perigos de não o fazer;
7 - Nesta parte também, a despeito da compartição de informações que possuem os soldados, passamos a compreender melhor e mesmo a ficar com um pé atrás com a política da União Colonial. Há muitas lacunas em questão, Perry vez ou outra as nota, mas nada de se aprofundar nas ações das Forças de Defesa Colonial. E que o faz, ou tenta, acaba tendo tristes desfechos. O fato é que as Forças de Defesa Colonial são o exército mantido pelos humanos para as defesas das colônias humanas no espaço. A colonzação é tarefa hostil e embora não declarada, perceberemos, terá relação com comércio e poder, ou seja, reproduzindo de certa forma a história humana;
8 - De certa forma é isso, o livro parte da natureza humana, inclusive questionável, de colonizar outras terras em busca de mais recursos e espaço para viver. Nada mais eurocêntrico, aliás, mesmo numa narrativa norte-americana. A ideia de colonizar o outro nos é conhecida justamente por meio dos europeus que há séculos o fazem e pelo jeito transmitiram essa postura aos norte-americanos que não raro sonham em ser os próximos colonizadores. No romance é o que o fazem a partir da tecnologia dos saltos espaciais;
9 - Deste modo temos uma humanidade que procura povoar os mais longínquos cantos do universo - ou do multiverso, talvez. Essa postura coloca as colônias humanas tanto em contato com outras culturas alienígenas inteligentes e justamente por isso, também estabelece guerras, ignorando os outros povos. Assim, as Forças de Defesa Colonial são imbuídas de defender a colonização humana, simples assim, sempre seguindo ordens e como Perry comentará, indo aos planetas para matar coisas. Aliás, Perry, para além de narrador, é um modelo exemplar de herói, já que ele sempre encontrará meios inusitados de cumprir suas missões e assim galgar postos no exército colonial. Trata-se de um típico soldado, ainda que com nuances de uma inteligência acurada que nem todo soldado possui. Aliás, ele obviamente bão termina a narrativa como soldado;
10 - Enfim, trata-se de uma leitura fascinante, voraz e muito imaginativa. Além disso, o narrador nos conduz com execelente bom humor num equilíbrio entre apresentação das coisas e as cenas de ação. Aliás, se vocês curtem narrativas recheadas de ação, certamente Guerra do Velho é uma leitura indispensável.