Google Maps e o Golfo da América
Está todo mundo bravo com o Google. A empresa vai aderir à mudança do nome do Golfo do México nos EUA, para Golfo da América, seguindo uma decisão do governo Trump. Goste ou não, o Google está seguindo sua política para situações do tipo.
O Google anunciou que vai trocar o nome do Golfo do México, nos EUA, para Golfo da América no Google Maps, alinhando o aplicativo a uma das grandes ideias do presidente Donald Trump. / theverge.com (em inglês)
Alguém desencavou um post de 2008 do blog de políticas públicas do Google, em que o então diretor global do setor na empresa aborda essa questão — “Como o Google determina os nomes dos corpos d’água no Google Earth”. / publicpolicy.googleblog.com (em inglês)
O Google aplica uma política uniforme que chama de “Primary Local Usage”, ou “uso local primário”:
Sob esta política, o cliente [app] em inglês do Google Earth exibe o(s) nome(s) primário(s) comum(s) local(is) dado(s) a um corpo de água pelas nações soberanas que lhe fazem fronteira. Se todos os países vizinhos concordarem com o nome, o nome único comum será exibido (por exemplo, “Caribbean Sea” em inglês, “Mar Caribe” em espanhol etc.). Mas se diferentes países contestarem o nome próprio de um corpo de água, nossa política é exibir os dois nomes, com cada rótulo colocado mais perto do país ou países que o usam.
Em outros idiomas, adota-se o nome de uso comum na língua em que o Google Maps/Earth estiver sendo exibido, com um botão expansível que informa que o nome não é consenso e os outros também usados.
É aí que o pessoal está pegando no pé do Google, que tem (ou tinha?) em sua política a adoção do critério de nomes ”primários, comuns e locais” para corpos d’água:
[…] Por “comum”, nos referimos a incluir nomes que estão em uso comum em vez de reconhecer de imediato qualquer novo nome dado pelo governo de forma arbitrária. Em outras palavras, se um governante anunciasse que, a partir de agora, o Oceano Pacífico seria rebatizado em homenagem à sua mãe, não usaríamos esse nome [no Google Maps/Earth] a menos e até que ele passasse a ser usado no dia a dia.
No X, a empresa rebateu as críticas dizendo ter “uma prática consolidada de aplicar alterações em nomenclaturas quando elas são atualizadas em fontes governamentais oficiais”. / @NewsFromGoogle/x.com (em inglês)
No caso dos EUA, seria o Geographic Names Information System. Note que as duas alterações — do Golfo do México e Denali — ainda não foram publicadas pelo GNIS e, portanto, o Google Maps ainda mostra os nomes “antigos” por lá. / usgs.gov (em inglês)
Entendo a frustração com decisões arbitrárias e de ofício de um presidente errático, mas essa parece ser uma… “não-tícia”? Se o governo mudar os nomes de corpos d’água, como o estadunidense pretende fazer (a ordem executiva foi publicada por Trump em 20 de janeiro), o Google está certo em refleti-la no Maps. / whitehouse.gov (em inglês)